Exame da Unesco

Exame da Unesco

Brasil se sai mal em exame da Unesco

A reprovação, o trabalho infantil e a violência ao redor da escola foram alguns dos fatores que mais contribuíram para o baixo desempenho dos alunos brasileiros

Fonte: O Globo (RJ)        31 de julho de 2015

A reprovação, o trabalho infantil e a violência ao redor da Escola foram alguns dos fatores que mais contribuíram para o baixo desempenho dos Alunos brasileiros no Terceiro Estudo Regional Comparativo e Explicativo (Terce), coordenado pelo Escritório Regional de Educação da Unesco para América Latina e Caribe. O exame avaliou a performance de 134 mil estudantes do Ensino fundamental de 15 países. No Brasil, passaram pelo teste, aplicado em 2013, cerca de quatro mil estudantes de Escolas privadas e públicas, na proporção representativa do país. Os Alunos avaliados pelo Terce são os do 4º e do 7º anos.

Uma primeira parte dos resultados do exame - com pontuações nas disciplinas de matemática, leitura e ciências naturais - foi divulgada em dezembro passado. Nos resultados apresentados ontem, uma nova metodologia foi aplicada para atualizar os níveis de aprendizagem obtidos pelos Alunos. Numa escala de I a IV, em que quanto maior, melhor a classificação, a maioria dos Alunos brasileiros ficou nos níveis mais baixos de avaliação.

Em matemática, 83,3% dos estudantes do 7º ano e 60,3% dos que cursavam o 4º ano ficaram nos níveis I e II. Apenas 4% e 12%, respectivamente, tiveram menção máxima, no nível IV, na disciplina. Em leitura, no 4º ano, foram 55,3% nas duas classificações mais baixas. Entre os Alunos do 7º ano, o índice foi de 63,2%. Em ciências naturais, 80,1% também ocuparam os níveis I e II.

O Chile é o país que mais se destaca no estudo, com índices elevados no nível IV: 39,9% em leitura (3ª série, correspondente ao 4º ano no Brasil), 34,2% em leitura (6ª série, equivalente ao 7º ano), 21,9% em matemática (3ª série), 18,4% em matemática (6ª série) e 18% em ciências naturais (6ª série).

Em cada nível, são exigidos determinados conhecimentos e habilidades. Em matemática (4º ano), no nível I, por exemplo, os Alunos têm de ser capazes de identificar elementos faltantes em sequências numéricas ou ler dados explícitos em gráficos. No nível II, interpretar frações simples ou extrair informações de tabelas são algumas das competências exigidas.

Resolver problemas com figuras geométricas ou frações simples são itens do nível III em matemática. Estudantes com menção IV na disciplina podem solucionar problemas mais complexos, inclusive com comparações e conversões de medidas.

Influência familiar

No caso da leitura (7º ano), o nível I mostra Alunos que conseguem localizar informação explícita em textos e interpretar linguagem figurada. Os de nível II são capazes de, entre outras habilidades, inferir informações a partir de conexões sugeridas no texto.

No nível III em leitura, é requerido, por exemplo, reconhecer a função de conectores e outros elementos presentes no texto. No IV, os Alunos têm de ser capazes de inferir os significados de uma mesma palavra em diferentes contextos.

Ao mencionar os fatores associados ao desempenho dos estudantes, o relatório não os mensura numericamente. Por exemplo, no caso dos aspectos que melhoram significativamente o desempenho dos estudantes, está o nível socioeconômico da família e da Escola, além de características dos Docentes, como pontualidade. Coordenador técnico do estudo, Moritz Bilagher afirma que o Professor e a família têm papel central na aprendizagem dos Alunos:

- É importante que os países contem com Docentes bem formados, reconhecidos, com remuneração adequada e apoiados. É importante o manejo que o Professor faz do tempo, que se traduz em outras coisas, como na pontualidade - afirma Bilagher. - Mas a influência da família também é importante. Os pais devem estimular os filhos a aprender, com visitas a museus, livros e uma boa alimentação.

Segundo o estudo, determinada característica pode ter impacto apenas em certas etapas Escolares. Ter frequentado a Pré-Escola, por exemplo, aparece como fator positivo para o desempenho em leitura no 7º ano, mas não tem influência no 4º. Já o nível socioeconômico da família está presente em todas as disciplinas e séries analisadas como aspecto que ajuda na aprendizagem.

Participaram do Terce Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai, além do estado mexicano de Nuevo León.

Reportagem publicada somente em veículo impresso 




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