Eu não os vejo
Não os vejo, nem os escuto
Tiago Cavalcanti
14 de Maio de 2018
Agora observo as ruas vazias
Não há músicas, danças, alegorias
Coreografias
De repente, tão de repente, um silêncio devoluto
Já não os vejo, nem os escuto
Onde estão as detenções, as conduções, as coerções, as manifestações?
Subitamente, restaram apenas convicções
E orações
Presunções, suposições, delações, powerpoint e jejum absoluto
Eu não os vejo, nem os escuto
Por que se escondem? Por que se calam?
Íntegros, moralistas e legalistas nesta hora apenas param
E já não falam
Todos sumiram, não há ninguém, nenhuma sombra, tampouco um vulto
Não, eu não os vejo, nem os escuto
Andavam informados, indignados, revoltados, inconformados
Estão quietos, mudos, fechados, calados
Amuados
Não ouço fogos, não ouço gritos, está tudo muito confuso
Já não os vejo, nem os escuto
Desfilavam de verde, de amarelo, hasteavam a bandeira nacional
Símbolo do amor à pátria, de um nacionalismo sem igual
Incondicional
Hoje vendem a terra, a água e o óleo, entregam tudo
Eu não os vejo, nem os escuto
Tiago Muniz Cavalcanti não é poeta, é um democrata.
http://justificando.cartacapital.com.br/2018/05/14/nao-os-vejo-nem-os-escuto/