Escassez de professores

Escassez de professores

Escassez de Profissionais da Educação

Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade – www.wolmer.pro.br - Revista Gestão Universitária - 10/05/2016 - Belo Horizonte, MG

No dia 19 de maio de 2015, foi publicado por mim nessa mesma revista um texto intitulado Apagão dos Professores (http://www.gestaouniversitaria.com.br/artigos/apagao-de-professores)o qual foi discutido a baixa procura e a evasão de professores, ou seja, evasão de profissionais da educação e não “amigos da escola”, em que qualquer pessoa pode assumir esta função, seja como voluntário, seja para passar o tempo ou até mesmo como um hobby, o que geralmente pode acarretar em uma baixa qualidade no ensino.

Hoje é algo comum a falta de um educador especialista nas escolas. Um educador habilitado a seara do conhecimento, da aprendizagem, da formação da cidadania, do protagonismo e da construção de um futuro mais promissor para a sociedade a qual o educando encontra-se inserido.

Uma pesquisa mostra um crescente desinteresse de profissionais na educação e isso implica em uma oferta de 170 mil vagas não preenchidas. Outra pesquisa reforça que não falta professor, e ressalta que o que temos é profissionais habilitados sem interesse em atuar na área da educação, ou que saíram optando por outra função.

Faz-se mister perceber que há vagas a serem preenchidas por profissionais e não por “amigos da escola”. Essa demanda é apenas o reflexo da falta de valorização deste profissional.

Isso tem acarretado em uma evasão de alunos nos cursos de formação de professores, o que corresponde a 30% acima da média registrada por outras graduações, ou seja, o aluno já visualiza uma profissão sem perspectiva e totalmente desvalorizada.

Só na rede estadual de São Paulo, 21% dos cargos necessários estão vagos, para uma educação que já se encontra com as pernas bambas, imagine-a sem profissionais habilitados?

Em muitos estados, o salário de um profissional de educação com licenciatura e especialização chega a ser mais 40% inferior a um profissional com graduação, sem contar com problemas como falta de progressão na carreira, violência contra o professor seja ela verbal ou física, assédio moral, burnout, desrespeito pela classe dentre outros.

Uma dessas pesquisas acima, menciona que para se reverter a atual situação que é a alta demanda e baixa procura, levará pelo menos 20 anos, obviamente, em uma visão mais otimista, mas ressalta-se aqui que até lá a educação tenderá a estar ainda pior do que encontra-se.

Não precisamos apenas de professores habilitados, precisamos de professores habilitados e críticos, que instiguem nossos educandos a busca do conhecimento e não a se acomodarem com uma tutelagem que os deixem alienados e “deitados em berço esplêndido”.

Precisamos de profissionais que se façam exemplos vivos para mudanças, que instigue o educando a um questionamento inteligente e hábil, que trabalhe com um pensamento liberal democrático de forma a alcançar uma sociedade sem segregação e com mais equidade, que preocupe-se com a formação do ser e suas relações estabelecidas com seu ambiente tanto natural quanto social, e que o mesmo tenha a autoridade moral para mudanças.

O que a Educação precisa é de profissionais que sejam serenos perante o ato de educar e que façam valer este profissionalismo, desmistificando que o ato de educar seja um sacerdócio, isso porque todas as profissões passam por nossas mãos e levam um pouco de nós.




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