Ensino Médio no RS
Ensino Médio do Rio Grande do Sul cai em avaliação do MEC e tem pior desempenho desde 2005
Dados da avaliação foram divulgados hoje pelo governo federal
Os dados do Índice de Desenvolvimento da Educação (Ideb), divulgados nesta quinta-feira, mostram que em vez de avançar na qualidade do ensino, o Rio Grande do Sul vem retrocedendo no Ensino Médio. O Estado alcançou o pior desempenho em 2015 desde o início da série histórica do Ideb, em 2005. A nota alcançada no ano passado foi 3,6. Em 2005, a média era 3,7. Os dados levam em conta todas as redes de ensino. As informações são da Rádio Gaúcha.
O Ideb é calculado a partir do rendimento escolar (taxas de aprovação e abandono) e do desempenho dos alunos em provas amostrais aplicadas a cada dois anos pelo Ministério da Educação. No levantamento anterior, de 2013, o ensino médio gaúcho alcançou nota 3,9.
Na análise apenas da rede estadual, o desempenho também é o pior em 11 anos. Em 2005 a nota das escolas da rede era de 3,4, agora passou para 3,3. Já na rede privada, o ensino médio está estagnado em 5,7. Apenas em 2011 houve avanço, com 5,9, mas a média recuou nos anos posteriores.
Quando o Ideb foi criado, o MEC estabeleceu metas para chegar até 2022 - ano do bicentenário da Independência - com indicadores de qualidade na educação nos mesmos níveis dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Em 2015, o ensino médio gaúcho precisaria atingir nota de 4,6, bem acima do registrado.
Quando levado em conta o desempenho de todas as escolas brasileiras, o ensino médio está estagnado. Desde 2011, a nota do país no Ideb é 3,7. A meta estabelecida pelo governo federal para 2015 era 4,3.
Comparação com estados
O Rio Grande do Sul está em 13º lugar quando comparado com todas as unidades da Federação (veja na tabela). O primeiro colocado no Ideb do ensino médio é São Paulo, com 4,2. Em último lugar aparece o Pará, com 3,1.
Além do Rio Grande do Sul, apenas Minas Gerais e Sergipe tiveram desempenho menor ao verificado em 2005.
2005 | 2007 | 2009 | 2011 | 2013 | 2015 | |
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São Paulo | 3,6 | 3,9 | 3,9 | 4,1 | 4,1 | 4,2 |
Distrito Federal | 3,6 | 4 | 3,8 | 3,8 | 4 | 4 |
Rio de Janeiro | 3,3 | 3,2 | 3,3 | 3,7 | 4 | 4 |
Pernambuco | 3 | 3 | 3,3 | 3,4 | 3,8 | 4 |
Espírito Santo | 3,8 | 3,6 | 3,8 | 3,6 | 3,8 | 4 |
Goiás | 3,2 | 3,1 | 3,4 | 3,8 | 4 | 3,9 |
Paraná | 3,6 | 4 | 4,2 | 4 | 3,8 | 3,9 |
Santa Catarina | 3,8 | 4 | 4,1 | 4,3 | 4 | 3,8 |
Minas Gerais | 3,8 | 3,8 | 3,9 | 3,9 | 3,8 | 3,7 |
Brasil | 3,4 | 3,5 | 3,6 | 3,7 | 3,7 | 3,7 |
Mato Grosso do Sul | 3,3 | 3,8 | 3,8 | 3,8 | 3,6 | 3,7 |
Ceará | 3,3 | 3,4 | 3,6 | 3,7 | 3,6 | 3,7 |
Amazonas | 2,4 | 2,9 | 3,3 | 3,5 | 3,2 | 3,7 |
Rio Grande do Sul | 3,7 | 3,7 | 3,9 | 3,7 | 3,9 | 3,6 |
Rondônia | 3,2 | 3,2 | 3,7 | 3,7 | 3,6 | 3,6 |
Roraima | 3,5 | 3,5 | 3,4 | 3,6 | 3,4 | 3,6 |
Acre | 3,2 | 3,5 | 3,5 | 3,4 | 3,4 | 3,6 |
Tocantins | 3,1 | 3,2 | 3,4 | 3,6 | 3,3 | 3,4 |
Piauí | 2,9 | 2,9 | 3 | 3,2 | 3,3 | 3,4 |
Paraíba | 3 | 3,2 | 3,4 | 3,3 | 3,3 | 3,4 |
Amapá | 2,9 | 2,8 | 3,1 | 3,1 | 3 | 3,3 |
Maranhão | 2,7 | 3 | 3,2 | 3,1 | 3 | 3,3 |
Sergipe | 3,3 | 2,9 | 3,2 | 3,2 | 3,2 | 3,2 |
Rio Grande do Norte | 2,9 | 2,9 | 3,1 | 3,1 | 3,1 | 3,2 |
Mato Grosso | 3,1 | 3,2 | 3,2 | 3,3 | 3 | 3,2 |
Alagoas | 3 | 2,9 | 3,1 | 2,9 | 3 | 3,1 |
Bahia | 2,9 | 3 | 3,3 | 3,2 | 3 | 3,1 |
Pará | 2,8 | 2,7 | 3,1 | 2,8 | 2,9 | 3,1 |
Ensino fundamental
No ensino fundamental, o desempenho do Rio Grande do Sul é melhor, principalmente nas séries iniciais (1º ao 5º ano). A média, que em 2005 era de 4,3, passou para 5,7 em 2015, levando em conta todas as redes de ensino. O número está acima da meta para o estado, de 5,6.
Quando analisada apenas a rede estadual, foi alcançado o valor definido para a meta do ano: 5,5. Na rede privada, a nota ficou em 7,4, acima da meta.
Nas séries finais do fundamental (6º ao 9º ano), houve avanço, mas o Rio Grande do Sul não atingiu a meta, de 5,1. Em 2015 foi alcançada média de 4,3. Dez anos antes, a nota era 3,8.
Na análise por rede, as escolas estaduais atingiram nota 4 nas séries finais. Já a rede privada ficou com 6,2.
O Ideb para o Brasil ficou em 5,5 nas séries iniciais, acima da meta de 5,2. No entanto, no fim do ensino fundamental, o país mais uma vez não cumpriu a meta de 4,7, ficando com 4,5.
Resultados "vergonhosos"
Os dados do Ideb foram apresentados pelo ministro da Educação, Mendonça Filho, em entrevista coletiva. Ele disse que os resultados para o ensino médio são "vergonhosos". Segundo o ministro, caso o projeto que tramita no Congresso Nacional para mudanças nesta etapa do ensino não seja apreciado este ano, o governo vai propor uma medida provisória para garantir a reestruturação curricular.
Ele ainda defendeu as políticas adotadas no seu estado, Pernambuco, na educação, principalmente a adoção do sistema de ensino integral, inclusive nas escolas de ensino médio.
Indicador de qualidade
Principal indicador de qualidade do ensino fundamental e médio no país, o Ideb é calculado a partir do rendimento escolar (taxas de aprovação e abandono) e do desempenho dos alunos na Prova Brasil e na Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb).
A Prova Brasil avalia o desempenho de estudantes em língua portuguesa e matemática no final dos ciclos do ensino fundamental, 5º ano e 9º ano, e no 3º ano do ensino médio. É aplicada nas escolas da rede pública. Já a Aneb é um exame amostral. Ambas são realizadas a cada dois anos.
Para compor o Ideb, cada escola pública do País recebe uma nota, assim como as redes de ensino, os municípios e os estados. A partir desses dados, o Ideb atribui uma nota diferente para três etapas da educação básica: anos iniciais do ensino fundamental (1° ao 5º ano), anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano) e ensino médio.
O indicador foi criado em 2007 e leva em conta os dados das avaliações registrados desde 2005.