Encontraram os culpados
Encontraram os culpados pela crise econômica brasileira. Ninguém jamais poderia desconfiar deles, que se fazem de inocentes, os dissimulados
por Menalton Braff — publicado 30/09/2016
Marcelo Camargo/Agência Brasil
Ora, professor não dá lucro, seu trabalho não pode ser traduzido em números da economia, por que remunerá-los com tal exagero?
Vocês são testemunhas de que não me agrada ou agrada muito pouco meter o meu bedelho em questões de política. E já preciso me corrigir. Segundo o saudoso Carlos Nélson Coutinho, em uma palestra a que tive o prazer de assistir, todo ato que envolva dois seres humanos é um ato político.
Se não me engano, ele exemplificou com o beijo. Belo exemplo. É preciso haver a concordância de duas pessoas para que o ato se realize. Uma delas recusando os lábios da outra, o beijo não existirá. Vá lá então minha correção: não me agrada ou agrada muito pouco meter o bedelho em questões de política partidária.
Mas agora sou compelido a comentar um fato governamental, por tratar-se de uma descoberta das mais importantes neste início de milênio. Encontraram os culpados pela crise econômica brasileira. Ninguém jamais poderia desconfiar deles, que se fazem de inocentes, os dissimulados.
Nossa crise econômica tem sua origem nos privilégios nababescos com que a sociedade sustenta a classe dos professores.
Para início de conversa, existe excesso de professores. Não existe cidade onde não vicejem pelo menos uma meia dúzia deles. E como vivem! Quarenta e cinco dias de férias. Quem mais tem quarenta e cinco dias de férias? É preciso fazê-los trabalhar mais quinze dias por ano, caso contrário nossa balança de pagamentos não se equilibra.
E os salários? A maioria deles percebe todo mês um valor igual ou superior ao salário mínimo. Ora, professor não dá lucro, seu trabalho não pode ser traduzido em números da economia, por que remunerá-los com tal exagero?
Pior do que isso tudo! Eles, os professores, podem aposentar-se aos 55 anos de idade, se tiverem 30 de contribuição. Por que tal privilégio? Uma pessoa normal aos 60 e até aos 70 anos tem condições de trabalhar.
Se as pernas já estiverem cheias de varizes e os músculos muito flácidos, pode muito bem utilizar-se de uma bengala. Mesmo a voz enfraquecida e os ouvidos moucos têm solução. Com o desenvolvimento tecnológico atual, já existem aparelhos que amplificam a voz do emissor tanto quanto do receptor.
Por último e não menos grave, descobriu-se que os professores consomem uma parte da merenda escolar. Vocês estão entendendo? E de graça. Eles não pagam pela merenda. Houve um estado em que isso já foi proibido. Merenda se destina ao aluno. Professor, ou paga, ou traz de casa. Não é o certo?
Que eu saiba, o Ministério da Educação, onde foram feitas essas descobertas, já está providenciando a correção desses desvios. Em breve o Brasil voltará a crescer, vocês verão, mesmo que para isso tenha de abolir tal profissão com seus privilégios.
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