Em tempos de greve
Em tempos de greve, merenda escolar para professores
A greve é apenas uma referência. Professor grevista já não é novidade nem aqui nem algures. E segue ganhando um salário pouco superior ao vale refeição destinado aos juízes do RS. Professores, porém, não fazem greve por merenda, mas por remuneração digna. Como essa sempre fica aquém do necessário, a merenda passa a ser um reforço alimentar importante, pois vale refeição de professor não compra a mesma quantidade de alimentos destinados aos juízes.
O título pode levar a uma pequena confusão, pois o “para” pode ser preposição ou verbo, consequência de um acordo ortográfico que não é consenso, nem aqui nem alhures. Ainda há alguns trâmites legais, mas espera-se que em breve os professores possam se servir de um “sandes*” e de um “sumo*” – uso palavras em português de Portugal para mostrar que a tal reforma pode parecer um banheiro* para unificar a língua portuguesa, mas não será “do pé pra mão”. Giro mesmo são as diferenças não ortográficas que não permitem entender parte do escrito, mesmo que as regras do acordo ortográfico sejam obedecidas.
Enfim, voltando ao título, foi aprovado o PL 457/15 cuja proposta estende o direito à merenda escolar a todos os profissionais de educação da rede pública de ensino básico. A proposta tem caráter conclusivo, mas deve seguir para análise nas comissões de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.
Ter caráter conclusivo significa que não precisa ser votado pelo Plenário para que seja considerado aprovado pela Câmara, mas apenas aprovado pelas comissões designadas para analisá-lo. Porém, se uma das comissões o rejeitar ou se houver recurso de 10% dos deputados solicitando que ele seja votado em Plenário, deixará de ser conclusivo.
No seu parecer a relatora – Deputada Professora Dorinha Seabra Rezende escreve: “É preciso criar meios para que os profissionais da rede escolar possam se alimentar adequadamente durante a jornada estendida de trabalho”, afirmou. Ela ressaltou, porém, que o intuito não é destinar aos professores “sobras de alimentação escolar”, o que “apequenaria e desrespeitaria a categoria”.
Ainda bem que a remuneração do professorado não o apequena nem o desrespeita. O direito ao “sandes” seria uma benesse totalmente descartável, se estivéssemos em um país no qual os professores fossem devidamente valorizados.
*Sandes (Portugal) = Sanduíche (Brasil)
Banheiro (Portugal) = Salva-vidas (Brasil)
Do pé pra mão (Portugal) = De uma hora para outra (Brasil)
Giro ( Portugal) = Interessante (Brasil)