Educação superior em xeque
A educação superior pública em xeque
Gregório Grisa
Segundo o Censo da Educação Superior divulgado durante a última semana, o número de matrículas nesse nível registrou o menor crescimento desde 2006. Essa diminuição se deve, em parte, pela queda do número de matrículas na rede particular, pois nas instituições públicas se registrou aumento de 1,9% entre 2015 e 2016.
Dentre as instituições públicas são as federais que mais têm estudantes (62%). Na contramão dessa necessária e democratizante expansão das vagas, o orçamento para manutenção e investimento das universidades federais brasileiras caiu R$ 3,38 bilhões em três anos. Segundo levantamento do jornalista Luiz Fernando Toledo (Estadão), o orçamento saiu de R$ 10,72 bilhões em 2014 para R$ 7,34 bilhões neste ano.
Os Institutos Federais, que também oferecem educação superior pública através de cursos tecnológicos, licenciaturas e pós-graduação, estão em situação semelhante. Trago o exemplo de onde trabalho, o IFRS. Em 2015, o orçamento do IFRS foi de R$ 54 milhões, em 2016, de R$ 50 milhões, e, em 2017, de R$ 45 milhões. Isso para uma estrutura que passou de 12 campi e 19 mil alunos para 17 campi e 22 mil alunos. Sobre esses valores ainda incidem contingenciamentos de custeio e capital.
Não bastasse, a estratégia atual do governo é a seguinte: a cada liberação de recursos é feito um alarde “publicitário” como se esse recurso fosse extra, quando, na verdade, são valores já previstos no orçamento aprovado para o ano.
Os Institutos e as Universidade federais estão tendo de manter seus serviços com bem menos recursos, mas com uma demanda de alunos, cursos e campi muito maior. Não há mágica que solucione essa equação. Os resultados não irão se desviar da precarização do trabalho docente, do ensino, da pesquisa e da extensão. O sucateamento prejudica a todos, estudantes, familiares, servidores, terceirizados, fornecedores, comunidades escolares, cadeias produtivas e sociedade em geral.
Correio do Povo - 06/09/2017
Do autor no face
Ainda sobre ensino superior.
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O gráfico mostra a trajetória dos ingressantes de 2010 nesse curso no Brasil. Há uma evasão de praticamente 40%. Detalhe, é a menor evasão entre as licenciaturas.
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