Educação é o caminho
"Precisamos repensar o modelo educacional brasileiro com seus professores", afirma Ronaldo Lessa
Fonte: Gazeta de Alagoas (AL) 16 de julho de 2015
A Constituição de 1988 estabelece as obrigações da União, estados, municípios e distrito federal para com a educação. Está tudo lá. O ensino superior e profissionalizante fica com a União; aos estados cabe o fundamental e médio; já os municípios têm a responsabilidade também pelo fundamental e pela educação infantil. As competências estão definidas, mas a distribuição de recursos é díspar. Enquanto a União tem que aplicar 18% do que arrecada em educação, estados e municípios devem investir nada menos que 25%. Claro que deve se levar em conta a questão proporcional, mas no fim das contas está cada vez mais difícil administrar um estado ou um município brasileiro com os princípios estabelecidos pelo atual pacto federativo. Os repasses da União estão minguando e a tendência é termos queda na qualidade ao invés de ascensão.
Há um ano, o governo federal sancionou o Plano Nacional de Educação (PNE) que prevê a aplicação de 10% do PIB (Produto Interno Bruto) em ensino. Contudo, o PNE não indica a participação da União, estados e municípios nesse bolo. É nesse momento que o parlamento precisa ser ouvido. Temos a possibilidade de definir um novo caminho para o Brasil embasado na educação – em artigo anterior abordamos o desenvolvimento da Coreia do Sul a partir dessa premissa. A questão deixou o âmbito das políticas públicas e passou para o campo da economia.
O binômio educação/desenvolvimento é uma realidade inexorável, nenhuma nação pode fugir dele, nem dos seus resultados: se negligenciar o assunto acaba estagnando e entrando em decadência. O Congresso tem que cumprir o seu papel e pressionar para que a distribuição dos recursos seja justa e profícua.
Outras variáveis devem ser consideradas também nessa equação. Precisamos repensar o modelo educacional brasileiro com seus professores esforçados, giz, quadro-verde e pouca, ou nenhuma, tecnologia. Há algum tempo, pesquisa do Comitê Gestor da Internet no Brasil, mostrou que a maioria dos professores acha que os alunos entendem mais de computadores que eles. Não estão errados. As redes sociais disseminaram o uso da tecnologia, mas não o direcionaram para o rumo certo. Apertar botões e fazer autorretratos não leva ninguém a lugar algum. É necessário orientar e qualificar, porém, para que isso ocorra os professores devem ser treinados e motivados. Essa qualificação tem que ser atendida pelo PNE, assim como a infraestrutura, com salas de aula salubres e dignas.
Acima de tudo, devemos investir na relação professor/aluno, com aquele motivado, sabendo que sua missão é o futuro do País, e esse ciente de que é o futuro. É algo que soa idílico, mas que podemos tornar factível.
Leia a opinião no site original aqui