Dicas e opiniões para a BNCC

Dicas e opiniões para a BNCC

Nova base curricular comum já pode receber dicas e opiniões

Da redação - O Tempo - 17/09/2015 - Belo Horizonte, MG

 

O Ministério da Educação divulgou nesta quarta a primeira versão para o currículo da educação básica no país. Nela, está definido que 60% do conteúdo a ser abordado em sala de aula, da educação infantil ao ensino médio.

- Documento preliminar BNCC

- Comunicado  BNCC e Consulta Pública

Os demais 40% ficarão a cargo de Estados e municípios. O texto deve servir de base para o conteúdo ensinado na rede pública e privada de todo o país.

O documento foi elaborado com a participação de 116 especialistas, distribuídos em 29 comissões, formadas a partir das diferentes disciplinas e séries de ensino.

A base foi elaborada a partir de quatro áreas do conhecimento: linguagens, matemática, ciências humanas e ciências da natureza. Para o ministro Renato Janine (Educação), a integração entre os diferentes conteúdos é um dos pontos cruciais do documento.

 “Um pequeno número de disciplinas desarticulada em seu conteúdo é muito menos produtivo do que um número maior de disciplinas, porém articulada”, disse. Ele destacou que este não é um documento que reflete a posição do MEC. “É um documento de discussão, e é muito importante que cada componente curricular seja amplamente discutido”, completou.

 Para o ministro, o documento terá efeito relevante na formação dos professores e elaboração de material didático. O secretário de educação básica da pasta, Manuel Palácios, destacou que este é um primeiro passo, a partir do qual haverá discussão nos Estados e municípios. Neste momento, não foram abordadas, por exemplo, questões como a flexibilização do currículo do ensino

“A base é como o esqueleto do corpo humano, o que vai deixá-lo de pé. O que compõe esse corpo vem depois”, pondera Eduardo Deschamps, presidente do Consed, entidade que reúne secretários estaduais de educação.

 “É um primeiro passo importante, um divisor de águas. A base cria a possibilidade de redução das desigualdades entre as escolas”, afirma o secretário de educação do Rio, Antonio Neto. Ele elogia a iniciativa de propor maior interação entre as diferentes áreas de conhecimento, mas aponta também a falta de discussão sobre habilidades sócio-emocionais, como criatividade, responsabilidade e investigação

“É uma discussão muito nova, que ainda não tem um nível de aprofundamento. Mas no século XXI o ideal é que o currículo também seja do século XXI”, afirma.

 Entenda

- A definição de uma base nacional comum está prevista no Plano Nacional de Educação, sancionado em 2014. A lei definiu prazo de dois anos para o MEC encaminhar sua sugestão de um currículo.

- Agora, a proposta está aberta para críticas e sugestões no site (www.basenacionalcomum.mec.gov.br/#/site/conheca).

A expectativa é que uma versão final seja encaminhada ao Conselho Nacional de Educação no início do próximo ano.

- Os objetivos de aprendizado serão divididos de acordo com o contexto de experiências do aluno – de abordagem mais lúdica, nos primeiros anos, até conceitos mais abstratos, no fim do ensino médio.

- Além de introdução, em que são listados 12 direitos gerais de aprendizagem, o documento é estruturado em quatro áreas.

- A divisão é por Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas, prevista em leis e usada no Enem. Cada área se desdobra em disciplinas, como Artes ou Química.

Tecnologia tem sido mal utilizada

São Paulo. Equipar massivamente os alunos e as salas de aula com dispositivos eletrônicos não basta para melhorar os resultados. É o que diz um estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico publicado na última terça-

“Para reduzir as disparidades na capacidade de tirar proveito dos dispositivos tecnológicos, os países devem melhorar antes de tudo a equidade de seus sistemas educacionais”, avaliou a

Os resultados dos alunos espanhóis ficaram abaixo da média dos países desenvolvidos, embora sejam “consagrados mais de 30 minutos diários ao ensino digital”, ressaltou Éric Charbonnier, analista de educação da

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Especialistas sugerem melhorias em Base Nacional Comum que esqueceu capítulo sobre ensino de História

por Eduardo Vanini / Raphael Kapa / Renata Mariz - O Globo - 17/09/2015 - Rio de Janeiro, RJ

Diálogo entre disciplinas, espaço para regionalização, possibilidade de escolhas no ensino médio. Os objetivos explícitos na proposta de Base Nacional Comum Curricular (BNC), divulgada ontem pelo Ministério da Educação (MEC), são louváveis. Mas, de acordo com especialistas que analisaram o documento, ainda há muito trabalho a ser feito até se chegar à versão final do currículo que norteará o conteúdo de todo o ensino básico no país. Eles levantam diferentes fragilidades do rascunho, que, por exemplo, foi divulgado ainda sem o conteúdo referente à disciplina de História. A falta de clareza e a pouca atenção à alfabetização foram outras críticas levantadas, mas, em geral, reconhece-se a importância de um currículo nacional unificado.

Profissionais da área de educação, que vinham observando de perto a elaboração do rascunho do BCN, agora esperam participar ativamente das mudanças pelas quais o documento vai passar até sua versão definitiva, que pode ser aprovada no primeiro semestre de 2016. Atualmente, o MEC estipula apenas diretrizes de ensino que as escolas não têm a obrigação de seguir. A expectativa é que o currículo final determine cerca de 60% do que um aluno deve aprender da educação infantil ao ensino médio, passando pelo ensino fundamental. Por isso, o BCN poderá propiciar mudanças profundas.

ALTERAÇÃO NO ENSINO MÉDIO

O rascunho abre possibilidade, por exemplo, para “itinerários” diferenciados para os alunos do ensino médio. Ou seja, o estudante poderia escolher entre se concentrar em disciplinas ligadas em ciências da natureza ou humanas.

— Esperamos que, a partir do debate sobre a base, saia uma proposição que viabilize uma oferta no ensino médio mais diferenciada e a possibilidade de escolha por parte dos estudantes das áreas em que pretendem se aprofundar — explicou o secretário de Educação Básica do MEC, Manuel Palacios, durante a entrevista coletiva que ocorreu ontem, em Brasília.

O MEC considera, porém, que essa possível mudança no segmento final da educação básica precisaria ser bem pactuada com os governos estaduais, que são os principais responsáveis pelo ensino médio no Brasil, para que a proposta dê certo. Atualmente, o ensino médio é visto como um gargalo, devido a seu alto índice de evasão.

O ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, destacou, durante a apresentação do BCN, duas principais consequências do currículo: formação mais adequada de professores, que passarão a ter o documento como referência, e novos materiais didáticos:

— Obviamente não temos recursos hoje, mas temos que ter no horizonte a gradual adoção de um sistema de material didático que seja o que hoje chamamos de tablet. Estou falando em tablet hoje, porque sabe-se lá como estará a tecnologia daqui a dois ou três anos.

Janine reafirmou que a base deverá estabelecer, em média, 60% de conteúdo fixo e deixar 40% livre para estados e municípios trabalharem temas regionais e propostas pedagógicas individuais. Porém,a divisão poderá ser diferente em determinadas disciplinas. Em matemática, por exemplo, o percentual poderá ser maior. O documento foi elaborado por 116 especialistas de áreas diferentes.

‘PROPOSTA ABERTA AO DEBATE’

O conteúdo da proposta foi dividido em quatro áreas de conhecimento: Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas. Dentro de cada área, estão agrupadas as diferentes disciplinas. Cada disciplina tem um longo conteúdo descrito, de acordo com o segmento da educação. Porém, o “capítulo” que estipularia as bases para o ensino de História não foi divulgado. Durante a coletiva, na tarde de ontem, o MEC não abordou a ausência. Horas mais tarde, O GLOBO indagou o MEC sobre o assunto, e o ministério se limitou a responder que “ajustes ainda serão feitos` e que esta parte do BCN será detalhada na semana que vem.

Para o coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, o texto não dá devida importância a temas contemporâneos, como direitos humanos e diversidades culturais e de gênero.

— A base ainda é muito tímida em relação à demandas do século XXI — opina ele. — Mas podemos dizer que organizou aquilo que já temos nas escolas. Isto é bom. O mais positivo em todo esse processo é que existe uma proposta aberta ao debate. A comunidade educacional e todos os interessados precisam se mobilizar para que as melhorias sejam feitas.

Para a pesquisadora Paula Louzano, da Universidade de São Paulo (USP), ainda falta coerência ao documento.

— Na parte de Linguagens, eles apresentam os eixos, mas depois constroem o documento com outras habilidades. Falta clareza — afirma Paula que também defende a base— Não existe nenhum país do mundo que não tenha um documento norteador na educação mas tem que ver a qualidade deste documento.

O presidente do Instituto Alfa e Beto (IAB), João Batista Oliveira, chamou atenção para a alfabetização.

— Não encontrei menção à caligrafia, embora existam evidências de que o ensino dessa técnica seja fundamental para que os estudantes ganhem fluência e agilidade ao escrever — afirma Oliveira, para quem o texto ainda precisa ser melhor fundamentado.

Para a diretora-executiva do Movimento Todos Pela Educação, Priscila Cruz, também é importante o documento deixar claro o que deve ser feito com o espaço reservado à regionalização.

— É preciso apontar diretrizes para que esses 60% não virem 100%. Se não houver uma orientação mais específica quanto a isso, essa será a tendência.

Segundo ela, a transversalidade das disciplinas também deveria ter uma abordagem mais especifica:

— Faltou mostrar como aquelas disciplinas colocadas em capítulos diferentes conversam entre si.




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