Dia histórico
Em dia histórico, servidores impedem votação de Projetos do Ajuste Fiscal do Sartori
O Governador Sartori saiu da reunião que teve com a base aliada, na segunda (14) no Galpão Crioulo, com a certeza que conseguiria aprovar, nesta terça-feira, a primeira leva de projetos que desmontam o serviço público e privatiza empresas públicas, além de criar a Previdência Complementar para os servidores. Só que esqueceu de combinar com o servidores públicos gaúchos. Desde as seis da manhã, as portas da Assembleia Legislativa amanheceram bloqueadas pelos servidores. Em um movimento inédito, os servidores decidiram que só liberariam a entrada se os deputados e o governador decidissem negociar a retirada do regime de urgência dos projetos elencados para votação.
A manhã inteira transcorreu em clima de tensão, mas também de mobilização. Milhares de servidores ocuparam a Praça da Matriz e todo o entorno da Assembleia Legislativa. Os servidores e CCs que chegavam para trabalhar, logo viam que não conseguiriam entrar e ficavam pela Praça da Matriz. Enquanto isso, policiais, professores, bombeiros, familiares de brigadianos e várias outras categorias cantavam e avisavam, “não vai votar”.
Depois de longa negociação com a presidência da Assembleia Legislativa, ficou acertado que às 11h30 aconteceria uma reunião do Comando Unificado dos Servidores Públicos com os líderes dos partidos, para negociar o desenrolar da votação. Antes disso, o presidente da Assembleia, deputado Edson Brum do PMDB, tentou entrar no parlamento, no que foi impedido, ordeiramente, pelos manifestantes. Apesar da sua equipe de segurança ter provocado os servidores, os manifestantes mantiveram a calma e evitaram o confronto. Após verificar que não conseguiria vencer a resistência dos servidores, o deputado se retirou.
Servidores propõem a retirada do Regime de Urgência
Às onze e meia, os representantes dos servidores e os líderes partidários entraram na Casa Rosada (prédio do memorial da Assembleia Legislativa) na tentativa de uma solução para o impasse. Os servidores apresentaram a proposta de retirada do regime de urgência dos projetos apresentados e uma abertura de negociação entre os servidores, os deputados e governo Sartori.
Acrescentaram ainda que não liberariam as entradas da Assembleia, caso o governo e os deputados se negassem a negociar. Os líderes da bancada do PT, Luiz Fernando Mainardi, e do PSOL, Pedro Ruas, concordaram com a proposta apresentada. Os líderes do PP, PDT e PMDB pediram a liberação da entrada na AL para que os deputados pudessem deliberar sobre a retirada da urgência dos projetos. O deputado Alexandre Postal, líder do PMDB, informou não tomaria qualquer decisão com o Parlamento fechado.
Com o impasse criado, o presidente da Assembleia Legislativa apresentou uma nova proposta. Se dispôs a liderar uma caminhada dos líderes partidários até o Palácio Piratini para conversar com o Governador Sartori, desde que os servidores liberassem a entrada da Assembleia para a reunião de bancadas.
Os servidores, após consultarem as suas bases e colocarem a proposta em discussão no carro de som, retornaram a Casa Rosada e informaram que aceitavam a proposta. Enquanto aguardavam a resposta dos servidores, os partidos da base aliada ao Governo fizeram reuniões a portas fechadas. Nestas reuniões o deputado Edson Brum levantou a possibilidade de realização da sessão ´fora da Assembleia, na própria Casa Rosada. No entanto, vários partidos defenderam a suspensão da sessão de hoje.
Em seguida a resposta dos servidores, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Edson Brum, sem dar tempo às lideranças sindicais de comunicar o procedimento que seria adotado, caminhou em direção a entrada da Assembleia e tentou entrar no parlamento. Vários servidores, sem saber do acordado, barraram a entrada do deputado. Aproveitando o pretexto, o presidente da Assembleia retornou a Casa Rosada e anunciou o cancelamento dos trabalhos da Assembleia, alegando falta de segurança.
É importante salientar que, em nenhum momento do dia, aconteceu qualquer caso de agressão ou violência, tanto por parte dos manifestantes quanto por parte da Brigada Militar, que teve um comportamento exemplar. Portanto, a alegação de falta de segurança para a realização da sessão é totalmente descabida.
Para o presidente da UGEIRM, Isaac Ortiz, “o dia de hoje foi um dia histórico. Os servidores mostraram ao governo Sartori que não aceitarão mais ataques aos seus direitos. Porém, a vitória de hoje foi apenas um passo na derrubada do pacote de maldades do Sartori. Precisamos manter e ampliar a mobilização. Os policiais de Porto Alegre e da Região Metropolitana tem que engrossar a nossa mobilização na Praça da Matriz. Enquanto os policiais do interior devem fazer pressão nos deputados na sua base, através de atos públicos e ações nas Câmaras de Vereadores. Os partidos da base aliada tentarão novamente votar os PLs que nos atacam. Precisamos continuar na praça, mobilizados e atentos”, finalizou.
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