Democracia: um valor permanente
"O efeito da justiça será a paz, e o fruto da justiça, repouso e segurança, para sempre” (Is. 32,17)
Adital
A CESE- Coordenadoria Ecumênica de Serviço – organização ecumênica que há 42 anos atua na defesa de direitos em todo território brasileiro, tendo sido fundada em pleno contexto da ditadura militar, vem a público reafirmar o seu compromisso com os processos democráticos e se posicionar veementemente contra o processo de impeachment da Presidenta Dilma Rousseff.
Acompanhamos e apoiamos a atuação dos movimentos sociais na sua luta por direitos há décadas. Durante todo esse tempo celebramos avanços e conquistas no campo das políticas públicas que possibilitaram acesso a muitos direitos para as populações que sempre estiveram à margem.
No entanto, temos percebido muitos retrocessos na atuação do Executivo, que tem priorizado um modelo de desenvolvimento ambientalmente insustentável e socialmente excludente, com medidas que privilegiam e fortalecem a elite econômica que atua no país.
Apesar dessas constatações, a CESE não compactua com o movimento pró-impeachment que se instalou no país desde o primeiro dia após a posse da Presidenta eleita legitimamente, um manifesto claro de desrespeito às regras da democracia e que contribuiu para enfraquecer a economia do país e acirrou o clima e atitudes de preconceitos e intolerâncias.
O foco dos discursos desse movimento é a luta contra a corrupção. Seus principais interlocutores, sejam partidos ou personalidades públicas, têm um histórico de atuação que não lhes confere autoridade para levar a causa adiante. Ironicamente, Eduardo Cunha, Presidente da Câmara dos Deputados, responde processo por quebra de decoro parlamentar por vários crimes contra o erário publico. Além disso, não existe fato relevante e comprovado contra a Presidenta que justifique tal medida.
Quais interesses estariam escondidos por detrás desse movimento? Quem ganha com isso? Por que o Congresso tem rejeitado proposição dos movimentos sociais e da sociedade civil para abertura de um processo constituinte a favor de uma ampla reforma política que contribuiria verdadeiramente, para o fim da corrupção?
Alertamos a sociedade brasileira para o perigo que esse processo significa para a nossa democracia e para a consolidação de uma sociedade verdadeiramente republicana.
Pela democracia plena, defenderemos sempre a constituição brasileira!
Salvador, 07 de dezembro de 2015
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