De um professor grevista

De um professor grevista

Carta aberta de um professor grevista

Publicamos carta de um professor gaúcho em greve.

Redação      quinta-feira 26 de outubro

Quando decidi ser professor foi por acreditar que a educação é uma grande ferramenta para contribuir para uma sociedade melhor. 

Dediquei anos de estudo para minha formação e dedico quase que integralmente ao longo dos últimos 8 anos da minha vida a tarefa de educar com muito empenho e dedicação.

A educação pública no Brasil e no Rio Grande do Sul sofre um total descaso por parte dos governantes e isso reflete na falta de qualidade do ensino enquanto eles roubam nosso futuro e querem que trabalhemos até morrer.

Ao mesmo tempo, vemos a paralisia das grandes centrais sindicais do país que observam sem ação a derrubada dos nossos direitos e de nossa dignidade diante de todos os ataques dos governos, federal, estadual e municipal.

Desta forma, ao mesmo tempo que sempre doei o meu máximo pela educação em sala de aula, também me doei e continuo me doando integralmente, lutando em defesa da educação pública e de uma vida melhor para os meus alunos.

Estou em greve a mais de 50 dias para demostrar meu descontentamento com o que estão fazendo com a educação pública no RS e no país.

Sinto falta dos meus colegas e alunos, não é uma decisão fácil,pois para fazer greve é preciso coragem e muita convicção no que acredito! E eu acredito na educação pública e em dias melhores.

A situação em que o governo do estado nos deixou, "contando moedas" para sobreviver , angustiados com os 22 meses de parcelamento de salários e com o congelamento do mesmo nos últimos 3 anos é um total absurdo.

Estamos trabalhando no limite entre a dignidade e o descaso do governo com nossos alunos e escolas. 
Sempre fui respeitado por minhas posições, seja por colegas e por alunos e creio que estou sendo verdadeiro comigo e com todos.

Não estou cometendo nenhum crime, só estou lutando por condições mínimas de trabalho e consequentemente por uma educação pública de qualidade.

Respeito os colegas que optaram pelo retorno, mas eu não voltarei sem que haja uma resposta positiva para nossa categoria. Estarei enganando a mim mesmo caso eu faça isso.

Quero voltar com condições de exercer meu trabalho de forma tranquila e com a alegria que sempre ministrei minhas aulas.

Ficarei firme nessa luta que é por toda a sociedade. 

São dias difíceis, peço desculpas pelos possíveis transtornos, mas o maior transtorno é o que os governos estão fazendo com a educação no nosso país e no nosso estado.

Desde já, fraternos abraços e espero que logo cedo possamos nos encontrar e comemorar a vitória. 
A nossa luta não é em vão, pois tudo que é feito de coração e com consciência não é em vão!
A luta dos trabalhadores em educação do RS é a luta por toda a classe trabalhadora!

Jonathan Demori Saldanha, professor de História. Porto Alegre - 26/10/2017.

 

http://www.esquerdadiario.com.br/RS-Carta-aberta-de-um-professor-grevista




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