Começa queda de braço
Reunião entre Cpers e governo do Estado termina sem propostas: ‘Começa uma queda de braço’
Da Redação
A reunião entre o governo do Estado e o comando de greve do Cpers (Centro de Professores do Estado), realizada no final da manhã desta terça-feira (17), terminou sem solução para a greve da categoria, que já dura 42 dias. Enquanto o Cpers pede a retirada de projetos ainda em tramitação na Assembleia Legislativa, que incluem a extinção da licença-prêmio e a retirada da previsão de pagamento do 13º, o Piratini entende que já atendeu às reivindicações dos grevistas quando decidiu pagar os salários de setembro começando por quem recebe até R$ 1.750.
Depois do anúncio do governo, de que estaria trabalhando em um calendário para reorganizar as aulas perdidas devido à greve, os professores começaram o dia bloqueando a entrada da Secretaria da Fazenda pressionando o governo por mais uma audiência. A Secretaria de Educação (Seduc) comunicou que as propostas de calendários, elaboradas pelas próprias escolas, deveriam ser encaminhadas até o dia 20 de outubro às Coordenadorias Regionais de Educação, mesmo com a greve ainda seguindo. O sindicato interpretou o gesto do governo como “um desrespeito com o movimento” grevista.
A presidente do Cpers, Helenir Aguiar Schürer, afirmou em cima de um carro de som, logo após a reunião com o secretário da Casa Civil, Fábio Branco, e a secretária-adjunta da Educação, Iara Wortmann: “Começa uma queda de braço. Ao apresentar esse calendário, o governo tentou desarticular uma greve que ele diz que é fraca. Mas, se fosse tão fraca, ele não usaria isso”.
Para a reportagem do Sul21, ela afirmou que o governo chegou na reunião sem nenhuma proposta nova e sem respostas concretas às reivindicações colocadas pela categoria. “O governo simplesmente disse que estava atendendo a agenda que nós solicitamos, sem proposta nenhuma. Reafirmamos a nossa pauta e pedimos, como um gesto de boa vontade do governo, que retirasse as PECs que estão paradas [na Assembleia] e são uma espada sobre a nossa cabeça. O chefe da Casa Civil disse que iria consultar o governo, não deixou nada certo. Terminamos assim, sem nenhum avanço na nossa negociação e reafirmando a greve”.
O governo do Estado, por sua vez, salientou em nota que já teria atendido às reivindicações ao priorizar os pagamentos dos menores salários. Quanto à promessa de retomar os pagamentos em dia, até o final do governo de José Ivo Sartori (PMDB), Fábio Branco reafirmou o discurso que vem sendo adotado pelo Piratini em todas as negociações com servidores: só poderá acontecer se o Estado aderir ao Plano de Recuperação Fiscal do governo federal.
“Estamos tratando direto com a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) para depois levarmos o debate à Assembleia, abrindo essa discussão com a sociedade, de forma clara e transparente, como o governo sempre tem agido”, diz o secretário na nota. Branco afirmou ainda que a resposta estaria “muito próxima”.
Retirada de PECs na Assembleia
Em sua fala para a categoria, logo após a reunião, Helenir disse que a retirada dos projetos que o governo apresentou à Assembleia, com impacto direto para o funcionalismo, “não custariam um centavo para o governo”. Seria apenas um sinal de boa vontade para manter o diálogo.
Entre as PECs que os professores pedem para serem retiradas da votação estão: a 242, que extingue a licença-prêmio e cria uma licença-capacitação em seu lugar, a 256, que determina que a licença classista não seja mais remunerada pelo Estado, a 257, que retira a previsão do prazo de pagamento do 13º e a 258, que termina com o adicional por tempo de serviço.
A categoria pede ainda a retirada do PL 148 que coloca em risco sindicatos, já que colocaria apenas um dirigente disponível para cada sindicato. Há uma emenda do líder do governo, Gabriel Souza (PMDB), que propõe ampliar para até 8 pessoas. Segundo Helenir, no caso do Cpers, mesmo com o número ampliado proposto por Souza, deixaria o centro de professores do Estado com uma média de um dirigente para atender cada 10 mil associados.