Campos de experiências
Referenciais para formação e os campos de experiências da criança
Quem ainda não viu uma criança pequena engatinhar em busca de uma bola ou de um brinquedo que está mais distante? Ou quando fica olhando um móbile e se alegra ao vê-lo mexer, ainda sem saber que foi sua mão que bateu nele? E aquela que descobre que é capaz de subir numa cadeira? A criança vê, ouve, cheira, pega, toca, experimenta, morde, suga, cospe, amassa, joga, derruba, brinca, desenha, canta, levanta, senta, anda, corre, sobe… E gosta ou não gosta das coisas. E chora. E ri… A criança possui muitas formas de ação e essas são algumas das que passa a fazer quando interage com o ambiente, outras crianças e adultos.
Campos de experiência: Como aprendem? Como entendemos a interação das crianças? … para organizarmos os vários tempos do dia em que permanecem na creche?
Em nosso país, diversos documentos municipais e federais podem orientar essa organização.
Para aquelas instituições ligadas à prefeitura de São Paulo, o documento – Orientações curriculares: expectativas de aprendizagens e orientações didáticas da Secretaria Municipal de Educação – (2007), indica como podem ser promovidas as aprendizagens na educação infantil. Este documento organizou os conteúdos do aprendizado infantil em campos de experiências, isto é, as diferentes linguagens e conteúdos de conhecimento que indicam o que o professor deve procurar atingir com seus objetivos ao planejar as atividades. Esses objetivos se referem às experiências obtidas nas atividades voltadas para:
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O conhecimento e cuidado de si, do outro, do ambiente.
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Brincar e imaginar.
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Exploração da linguagem corporal
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Exploração da linguagem verbal.
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Exploração da natureza e da cultura.
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Apropriação do pensamento matemático
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A expressividade das linguagens artísticas (artes visuais, música, dança, jogos dramáticos).
Estas experiências procuram se nutrir da iniciativa e curiosidade infantil. Deste modo, – brincar de faz de conta de casinha ou de ir ao supermercado; – colecionar objetos e separá-los em caixas; – contar histórias, ouvir poemas etc. fazem parte dos campos de experiências que possibilitam as experiências de brincar e imaginar, de exploração da natureza e exploração da linguagem verbal, por exemplo. Podemos notar, também, que esses campos não são estanques, mas se articulam de maneiras diferentes e, especialmente, eles devem acontecer dentro do universo da criança, de cada criança: explorados a partir de seus interesses e na medida desses interesses. Tudo isso dentro do universo infantil: o lúdico.
Finalmente, poderíamos imaginar uma situação em que um professor identifique na sua turma interesse em descobrir o que é o “feriado de 7 de setembro” e, para propiciar o desenvolvimento dessa pesquisa, resolvesse contar a História do Brasil para os pequenos. Os conteúdos realmente trabalhados com as crianças seriam, por exemplo, a narrativa da historia, a linguagem verbal, talvez até alguma atividade relacionada ao campo da expressão das linguagens artísticas. Mas a obrigatoriedade de desenvolver ou abordar conteúdos históricos formais não fazem parte do universo das crianças na faixa etária das creches. Vamos pensar um pouco: será que uma criança tem interesse e repertório (e interesse, curiosidade são os elementos que promovem o aprendizado) para compreender e absorver a “Independência do Brasil”, Pedro Alvares Cabral ou D. Pedro I? A não ser que se transforme a narrativa numa historinha adequada, uma peça de teatro infantil ou um filme de cinema, é muito improvável que este conteúdo e outros similares sejam indicados.
Concluímos que campos de experiências são as vivências nas quais as crianças podem expressar-se e interagir com situações que permitem exploração, pesquisa, imaginação, expressão, movimento etc. E experiência é o que é significativo, nos toca, deixa marcas. Experiência a gente tem que viver!