Campeãs do carnaval

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Beija-Flor vence Carnaval do Rio e Tuiuti é vice

por Redação — publicado 14/02/2018

Com desfile sobre a corrupção, escola de samba obteve sua 14º vitória. Tuiuti teve melhor resultado de sua história

Beija-Flor e Tuiuti

Críticas à corrupção e à exploração do trabalho consagraram a Beija-Flor (esq.) e a Tuiuti

A política não apenas voltou com força à Sapucaí neste ano, mas foi a principal premiada desta edição. Com um desfile focado na crítica à corrupção e nos ataques à minorias, a Beija-Flor de Nilópolis foi a vencedora do Caranaval do Rio de Janeiro de 2018. É a 14º vitória da agremiação.

A Paraíso do Tuiuti ficou em segundo lugar ao levar para o Sambódromo o tema da escravidão, da exploração dos trabalhadores e de críticas ao governo de Michel Temer.  Trata-de da melhor colocação da Tuiuti em sua história. Na quadra da escola, em São Cristovão, os integrantes fizeram uma enorme festa.

Neguinho da Beija-Flor, puxador da escola de Nilópolis, comemou o resultado e enalteceu o desfile da concorrente Tuiuti. "É a vitória do grito do povo, Beija-Flor e Tuiuti", afirmou à rede Globo após o fim da apuração.

A partir do samba-enredo “Monstro é aquele que não sabe amar. Os Filhos Abandonados da Pátria que os Pariu”, a Beija-Flor trouxe alegorias que remontam à história do doutor Frankenstein, escrita há 200 anos, e a relação entre o criador e sua criatura. O monstro de Frankenstein, no caso, é o próprio Brasil. 

As 36 alas buscaram refletir as desigualdades sociais, a falta de respeito e amor com o que é diferente. A ala “Imposto dos Infernos", por exemplo, trouxe a crítica à taxa cobrada desde o ciclo do ouro e relembrou o Brasil como o país que tem maior carga tributária. Já a ala “Corte da Mamata – Quadrilha no poder" trouxe os passistas como ratos e abutres para mostrar os interesses dos líderes políticos. A corrupção também foi destaque na avenida, satirizada com colarinhos brancos e caixas de pizza.

A escola "ergueu" o Congresso e o prédio-sede da Petrobras em um de seus carros alegóricos na madrugada desta terça-feira 13. Tomado pela criminalidade, o edifício da estatal transforma-se aos poucos em uma favela. O saque à Petrobras é acompanhado de perto por corruptos com panos na cabeça, uma clara alusão à "farra dos guardanapos" do ex-governador Sérgio Cabral, hoje preso, e de seus ex-secretários com o empreiteiro Fernando Cavendish. 

O desfile da Tuiuti focou na escravidão como a raiz principal dos problemas do País. Chamada "Grito de Liberdade", a comissão de frente trouxe negros escravizados que libertam-se por meio da força dos seus ancestrais. Em seguida, o desfile trouxe temas da história geral e brasileira do cativeiro, até relacionar a perda de direitos trabalhistas na atualidade com a herança escravista de superexploração do trabalho no Brasil.

A escola retratou ainda manifestantes de verde e amarelo em trajes de pato e manipulados por um vampiro presidente inspirado em Michel Temer. Enalteceu ainda os "guerreiros da CLT", representados nas fantasias como uma espécie de deus Shiva dos trabalhadores, munido de martelo, foice e outros instrumentos em seus quatro braços. Os integrantes da ala carregavam ainda uma enorme carteira de trabalho avariada, uma crítica à reforma trabalhista aprovada no ano passado. 

https://www.cartacapital.com.br/politica/beija-flor-vence-carnaval-do-rio-e-tuiuti-e-vice 

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Beija-Flor e "os filhos abandonados da pátria que os pariu"

por Ana Luiza Basilio — 14/02/2018

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Escola, que fechou o último dia de desfiles na Sapucaí, levou a intolerância e a corrupção para a avenida.

A violência no Rio de Janeiro foi um dos temas retratados pela Beija-Flor

Seguindo os passos de outras escolas que politizaram a Sapucaí, como Paraíso do TuiuitiMangueira, na segunda-feira 12 foi a vez da Beija-Flor de Nilópolis fazer a sua crítica à política nacional. Última a cruzar a avenida, a escola optou por fazer um paralelo entre Frankstein, romance de Mary Shelley que completa 200 anos e as mazelas brasileiras.

A partir do samba-enredo “Monstro é aquele que não sabe amar. Os Filhos Abandonados da Pátria que os Pariu”, a escola resgatou o romance, essencialmente o fato de Frankstein ser lançado à própria sorte depois de criado, para questionar quem são os abandonados dessa pátria, quem são os que abandonam os filhos à própria sorte?

As 36 alas buscaram refletir as desigualdades sociais, a falta de respeito e amor com o que é diferente. A ala “Imposto dos Infernos", por exemplo, trouxe a crítica à taxa cobrada desde o ciclo do ouro e relembrou o Brasil como o país que tem maior carga tributária. Já a ala “Corte da Mamata – Quadrilha no poder" trouxe os passistas como ratos e abutres para mostrar os interesses dos líderes políticos. A corrupção também foi destaque na avenida, satirizada com colarinhos brancos e caixas de pizza.

A escola também não deixou de lado temas como a violência no Rio de Janeiro, a morte de policiais, a intolerância religiosa e das torcidas de futebol. O carro “A Intolerância”, por exemplo, fez menção a questões como xenofobiapreconceito, discriminação, feminicídio, racismo, rancor e homofobia. A cantora Pablo Vittar representou a luta contra a intolerância de gênero e Jojo Todynho a luta pela intolerância racial e xenofobia.

O desfile da escola agradou a arquibancada e repercutiu positivamente nas redes sociais. A Beija-Flor entrou nos trending topics do Twitter com média de 45 mil posts.

https://www.cartacapital.com.br/sociedade/beija-flor-e-os-filhos-abandonados-da-patria-que-os-pariu

 

"Não sou escravo de nenhum senhor": Tuiuti desfila contra retrocesso

por Ana Luiza Basilio — 12/02/2018 

Escola de samba faz críticas à Reforma Trabalhista e a perda de direitos sociais dos trabalhadores no governo Temer

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Último carro da escola faz crítica ao presidente Michel Temer e à Reforma Trabalhista


Quarta escola a cruzar a Sapucaí no primeiro dia de desfile do grupo especial no Rio de Janeiro, a Paraíso do Tuiuti investiu em um tom político, carregado de críticas sociais. Com o enredo, “Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?”, dos compositores Claudio Russo, Moacyr Luz, Dona Zezé, Jurandir e Aníbal, a escola recontou a história da escravidão no Brasil, nos 130 anos da Lei Áurea, propondo uma reflexão sobre a exploração do trabalho humano.

Ao som do refrão “Meu Deus! Meu Deus!, se eu chorar não leve a mal, pela luz do candeeiro, liberte o cativeiro social”, a escola surpreendeu já na comissão de frente, chamada “O Grito da Liberdade”. Os passistas representaram escravos negros amordaçados, com grilhões nos pulsos e corpos ensanguentados de tanto apanhar do senhor do engenho, também negro.

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A escravidão não acabou

Com 29 alas, a escola explorou o tema das mais diversas formas, representando o trabalho escravo rural, o tráfico de escravos, o trabalho informal e relembrando a publicação do primeiro jornal da imprensa negra no Brasil, “o Mulato”, em 1833.

Também não faltou um olhar contemporâneo ao tema, que buscou mostrar a perda de direitos sociais no atual cenário político. Na ala “Manifestoches”, a Tuiuti ironizou os manifestantes que pediram o impeachment da presidenta Dilma. Os passistas vieram à avenida segurando panelas e envoltos em patos que faziam menção à campanha da Fiesp “Não vou pagar o pato”. As mãos que pendiam sobre as cabeças de cada um, os colocavam como manipulados.

Na ala “Os Guerreiros da CLT”, a escola explorou a sobrecarga dos trabalhadores. Os passistas vieram segurando carteiras de trabalho e artefatos em vários de seus braços.

O último carro da escola representou um novo navio negreiro com a ala dominante se impondo sobre os trabalhadores. Destaque para a representação de um vampiro neoliberalista que trajava uma faixa presidencial, com clara alusão à figura de Michel Temer que, com o apoio do Congresso, colocou em prática a Reforma Trabalhista e perda de direitos dos trabalhadores.

Ponto alto da passagem da escola, o carro Neo-Tumbeiro foi bem recebido pela arquibancada e bastante comentado durante o desfile, a não ser pelos comentaristas da Globo que, entre risos incômodos, se limitaram a chamar o destaque de vampirão e ignorar a crítica feita ao governo Temer.

Sem problemas de ordem técnica, a escola encerrou “o melhor Carnaval de sua história”, como afirmou o presidente Renato Thor à reportagem do jornal O Globo. A escola falou em superação após o acidente com um carro alegórico durante o desfile de 2017, que causou a morte de uma componente.

O desfile foi bastante comentado e elogiado nas redes sociais. A escola chegou a ser trending topics no Twitter e não faltaram posts criticando o silêncio da Globo e comemorando o desfile “histórico”.

https://www.cartacapital.com.br/sociedade/nao-sou-escravo-de-nenhum-senhor-tuiuti-desfila-contra-retrocesso




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