Caixa preta dos benefícios fiscais
Deputado diz que Sartori já obteve R$ 19,5 bi com ajustes
Um levantamento feito pelo deputado estadual Jeferson Fernandes (PT) estima que o total obtido com as diversas medidas de contenção do governador José Ivo Sartori chega a R$ 19,5 bilhões. Explica que o valor resulta da soma decorrente da economia gerada pela adoção de medidas “como o aumento do ICMS, cobrado do consumidor; a venda da folha de pagamento dos servidores para o Banrisul; a antecipação de créditos presumidos da General Motors; o recente acordo judicial com a montadora Ford, pela desistência da instalação da fábrica no RS, que rendeu R$ 216 milhões; o parcelamento da dívida do Estado com a União; e o congelamento dos salários”.
Entrevista, Luiz Lara, deputado do PTB do RS – Quero abrir a caixa preta dos benefícios fiscais, que envolvem R$ 15 bilhões por ano no RS.
ENTREVISTA Polibio Braga
Luiz Lara, deputado estadual do RS, PTB
O senhor quer CPI para investigar se existe uso indevido ou descumprimento dos benefícios fiscais concedidos no RS. Qual é a sua desconfiança ?
A secretaria da Fazenda nega-se a fornecer a lista dos beneficiários e a situação de cada um. Isto é um caso histórico. TCE e MP queixam-se eternamente. E é muito dinheiro. Os governos tratam isto como caixa preta.
Estamos falando de quanto ?
Calculo que R$ 5 bilhões são concedidos anualmente pelo governo estadual. Este são valores que, grosseiramente, dependem do livre arbítrio do secretário da Fazenda. Outros R$ 10 bilhões referem-se a decisões decorrentes de leis federais ou de acertos que são feitos entre os secretários da Fazenda dos Estados.
O senhor anunciou o pedido agora, ontem. Alguém já apoiou ?
Já tenho 8 das 19 assinaturas necessárias.
Os deputados do PT, governo anterior, e PMDB, governo atual, assinaram ?
Até agora, não, mas espero contar com eles.
Não é inoportuno mexer nisso ?
O momento nacional exige transparência e exação com o dinheiro público. Ontem, o governo do Mato Grosso revelou rombo de R$ 1,5 bilhão. A que valores chegaremos no RS ? No Rio, também ontem, foi aprovada CPI com o mesmo escopo.
http://abamf.org/2016/11/jornal-o-sul-deputado-diz-que-sartori-ja-obteve-r-195-bi-com-ajustes/
CPI das isenções fiscais pode sair do papel na Assembleia
Deputado Lara (PTB) defendeu instalação na tribuna e recolheu oito assinaturas; 11 restantes podem vir do PT
A Assembleia Legislativa pode tirar do papel uma CPI para investigar a concessão de incentivos fiscais a empresas pelo governo do Rio Grande do Sul. O vice-presidente da Comissão de Finanças, Planejamento, Fiscalização e Controle, deputado Luis Augusto Lara (PTB), solicitou na tarde de hoje, em plenário, durante a votação da Lei Orçamentária de 2017, a instalação de um inquérito parlamentar nesse sentido.
Até a noite desta terça, Lara colheu oito assinaturas (quatro no PTB, duas no PDT, uma no PSol e uma no PCB). A expectativa é sobre se a bancada petista, composta por 11 deputados, vai apoiar a iniciativa. Em caso positivo, a solicitação atinge, em tese, o número necessário de assinaturas (19) para que a CPI seja instalada.
O documento busca apurar competências arrecadatórias, autos de lançamento, extinções de créditos tributários e controle sobre concessão e fruição de incentivos em vigor, incluídas as verificações sobre o cumprimento de contrapartidas, e deve abarcar o período dos últimos 10 anos (dois da gestão Sartori, quatro da de Tarso Genro e quatro da de Yeda Crusius).
“Tomei esta iniciativa porque, do jeito que está, não dá mais. Vamos votar um pacote que trata da extinção e venda de empresas e fundações e de onerar servidores, com a justificativa de que as medidas vão permitir a arrecadação de R$ 6 bilhões até o final de 2018. Mas, ao mesmo tempo, são concedidos aproximadamente R$ 15 bilhões ao ano em incentivos, dos quais cerca de R$ 5 bilhões de forma discricionária pelo secretário da Fazenda e seus técnicos, sem autorização do Legislativo”, afirmou Lara.
A cifra sobre a qual existem questionamentos ou apontamentos do MP, do Tribunal de Contas do Estado (TCE), do Ministério Público de Contas (MPC) e da Comissão de Finanças trata da parte dos incentivos que não é determinada por questões constitucionais, federais ou interestaduais, ou seja, daqueles concedidos por decisão do governo. “O secretário solicita que, nesta fatia de R$ 5 bilhões, apontemos onde se deve cortar. Podemos apontar, contanto que sejam detalhados os incentivos. Queremos dissecar os números, entender os motivos que levaram o Estado a abrir mão dos recursos e saber se essas ações de fato trazem benefícios”, listou o deputado.
O petebista é autor de um projeto que tramita na Assembleia e que prevê auditoria anual do Tribunal de Contas sobre os incentivos concedidos pelo governo. Segundo ele, três perguntas-chave devem ser respondidas: para quem são dados os incentivos, por que são dados e por quanto tempo. A solicitação de CPI ocorreu um dia após determinação judicial para que o governo forneça ao Ministério Público estadual (MP), em até 20 dias, os dados a respeito dos benefícios fiscais e financeiros concedidos pela Secretaria da Fazenda.
Além da comissão, Lara questiona ainda a inexistência de uma ação mais incisiva do governo para buscar o ressarcimento das perdas decorrentes da Lei Kandir. “A União deve para o RS R$ 48 bilhões. Não adianta só pedir. O Estado do Pará ajuizou uma ação, cobrando suas perdas, que são de R$ 22 bilhões, e o Supremo Tribunal Federal (STF) já notificou o Congresso.”
Fonte:Flávia Bemfica/Correio do Povo
http://abamf.org/2016/11/cpi-das-isencoes-fiscais-pode-sair-do-papel-na-assembleia/