Ato unificado no Piratini
Ato unificado dos servidores encontra Palácio Piratini cercado pelo choque da Brigada Militar
Marco Weissheimer
“Os servidores públicos que não receberam seus salários não estão obrigados a ir trabalhar, conforme liminar já obtida Justiça. Quem não receber seu salário não deve ir trabalhar na segunda. A partir da próxima segunda-feira, o Rio Grande do Sul corre o risco de sofrer um apagão, por culpa desse governador incompetente e irresponsável”. A advertência feita por Flávio Berneira Junior, presidente do Sindicato dos Servidores Penitenciários do Rio Grande do Sul (Amapergs Sindicato), deu o tom das falas no ato unificado dos servidores públicos estaduais realizado no início da tarde desta sexta-feira, no Largo Glênio Peres, no centro de Porto Alegre. Milhares de servidores de diversas categorias participaram da manifestação que denunciou o tratamento que o governo José Ivo Sartori (PMDB) vem dando ao funcionalismo e aos serviços públicos do Estado.
Os servidores da área da segurança pública, especialmente da Polícia Civil e da Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe) participaram em peso do ato. Após se concentrarem em frente ao Palácio da Polícia, eles saíram em caminhada para se juntar às demais categorias que estavam no Glênio Peres. Juntamente com os professores, que realizaram uma assembleia geral pela manhã no Gigantinho, policiais e servidores penitenciários participaram massivamente do ato unificado. Presidente do Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores de Polícia do Rio Grande do Sul (Ugeirm Sindicato), Isaac Ortiz afirmou que o governo Sartori está “destruindo o Estado”. “Já atingimos a marca de 7.133 homicídios neste governo do PMDB. Não podemos aceitar que eles sigam destruindo o nosso Estado”.
Flávio Berneira observou que o número de servidores na manifestação poderia ter sido ainda maior, mas muitos deles, por não terem recebido um centavo sequer de salário, não tinham dinheiro nem para se deslocar até o centro de Porto Alegre. O fato de todos os servidores com salários acima de R$ 1.750 não terem recebido seus vencimentos foi tema de muitos protestos na manifestação. Só no caso dos professores, o pagamento até R$ 1.750 significa que 53% da categoria não recebeu nada de salário.
A possibilidade de os servidores não trabalharem a partir de segunda está apoiada na liminar obtida dia 25 de setembro pela Federação Sindical dos Servidores do RS (Fessergs) dentro de um mandado de segurança coletivo que impede o governo de cortar o ponto dos servidores que não receberam seus salários.
Do Largo Glênio Peres, os servidores seguiram em caminhada pela Borges de Medeiros até o Palácio Piratini. Ao chegarem na Praça da Matriz, encontraram o Palácio cercado por grades e por homens do pelotão de choque da Brigada Militar. Do alto do caminhão de som, o diretor da Ugeirm, Cládio Abel Wohlfahrt lembrou que muitos brigadianos que estavam ali também não receberam seus salários. Segundo a Associação Beneficente Antonio Mendes Filho (Abamf), os brigadianos deverão receber seus salários de setembro somente no dia 11 de outubro.
A presidente do Cpers, Helenir Aguiar Schürer, lembrou que os servidores da educação completaram nesta sexta-feira 24 dias de greve e decidiram, em assembleia no Gigantinho, continuar a greve até que os salários sejam pagos integralmente em dia. “Certa vez disseram ali naquela outra Casa (o Legislativo) que tinha meia dúzia de servidores protestando na praça. Venham aqui contar agora quantos têm”, desafiou. “Não aceitaremos a política do arrocho e da entrega do patrimônio público e das riquezas do Estado”, acrescentou.
O ato em frente ao Palácio Piratini foi rápido. Após as intervenções de Isaac Ortiz e Helenir Schürer, chegou ao fim com uma convocação para um novo encontro, no mesmo local, na próxima terça-feira, para acompanhar a próxima sessão de votações na Assembleia Legislativa. Mesmo após o fim do ato, o choque da Brigada Militar permaneceu em frente ao Palácio Piratini e nas imediações da Praça da Matriz.
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