Apenas R$ 600 do salário
Servidores recebem com indignação confirmação de pagamento de R$ 600 do salário
Previsão de depósito em conta corrente, neste sábado, indicou parcelamento dos vencimentos
Por: Débora Ely 29/08/2015
Reproduções de extratos de servidores enviados para Zero HoraFoto: Reprodução / Reprodução
Especulado desde o fim da semana, o pagamento de R$ 600 do salário não pegou de surpresa servidores estaduais — mas a confirmação foi recebida com indignação. Logo no início da manhã, começaram a pipocar em grupos do WhatsApp de diferentes categorias do funcionalismo reproduções de extratos de contas correntes: previsões de depósito indicam o repasse de uma parcela de R$ 500 e outra de R$ 100 na segunda-feira. O resto ainda não se sabe quando entrará.
A confirmação do fatiamento salarial, que atinge todo o quadro, impulsiona aparalisação prevista para a próxima semana. Entre segunda e quinta-feira, parte dos serviços deve ser suspensa em resposta às medidas adotadas pelo governo de José Ivo Sartori para combater a crise nas finanças gaúchas.
— Ninguém está paralisado por aumento de salário. A gente só quer receber pelo que trabalhou. O que se faz hoje com R$ 600? Nada — desabafou o comissário Marcelo Carbone, 45 anos.
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Servidor da Polícia Civil há 26 anos, Carbone acumula duas angústias desde as 4h da madrugada deste sábado, quando, de plantão, deparou-se com a previsão de depósito. Ele não sabe como pagará as contas do mês e nem como repassará a pensão alimentícia de R$ 1.470 à filha, de 13 anos.
No primeiro parcelamento salarial, em 31 de julho, o valor usado para pagar os custeios com educação e alimentação da menina, depositado judicialmente, caiu na íntegra na conta da ex-esposa. Agora, a conta corrente da mulher aponta, segundo o comissário, a transferência de apenas R$ 100 na segunda-feira. Caso o valor não seja pago na íntegra, Carbone vai à Justiça.
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Escrivão da Polícia Civil em Cruz Alta, Marcos Kaefer, 47 anos, aponta que o parcelamento de uma fatia tão baixa do salário pode motivar servidores a iniciarem uma greve "mais generalizada". Desde agosto, a família de Kaefer teve de reduzir o padrão de vida para dar conta do fatiamento. A faculdade da esposa e do filho foi trancada, assim como despesas com TV a cabo, telefone e jornal.
— O Estado atrasa (o pagamento), mas, se a gente atrasa as contas, tem de pagar multa e o juros. E o Estado não vai fazer isso por nós — desabafa.
Agente administrativo na Secretaria do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Sema), Daniela Engel Oliveira, 39 anos, disse que o funcionalismo já vivia em estado de pânico — sentimento agravado neste sábado.
— Ainda não consegui visualizar uma forma de solucionar isso. É pagar o básico, casa, comida e o curso do meu filho. O resto não sei como fazer. Vai virar uma bola de neve — disse.
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Zero Hora
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