Apagão de estratégia

Apagão de estratégia

Apagão de estratégia no Piratini

Consciência da situação complicada das finanças não trouxe apoio a medidas de saneamento

Por: Marta Sfredo       11/09/2015

Ao contrário do que o Piratini esperava, mesmo com a chapa tão quente que ficou difícil suportar, a percepção da crise não facilitou o caminho para a elevação de impostos. Em qualquer conversa de esquina se fala em "Estado falido".

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A consciência surgiu, mas não embutiu o engajamento para adotar soluções difíceis. Não há sinais de redução de resistência ao aumento do ICMS entre deputados e empresários — ao menos no discurso. Professores, brigadianos, servidores da saúde e cidadãos de várias latitudes estão exasperados por falta de salário, de respeito, de segurança.

Nesta semana, um dos líderes empresariais mais empenhados em barrar a proposta, o presidente da Fecomércio, Luiz Carlos Bohn, fez uma confissão desconcertante:

— Eu errei.

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Referia-se à defesa, feita por ele e vários colegas empresários, para que o Piratini enfrentasse o que chamam de "corporações". Disse ter se surpreendido com a força da reação das categorias profissionais — e suas consequências. Bohn percorreu duas vezes os gabinetes da Assembleia. Relatou que já ouviu todos os argumentos a favor do tarifaço sem se convencer de que é incontornável.

Segue aferrado a uma pauta alternativa, que inclui venda ou extinção de 49 órgãos estaduais — Banrisul ficou fora da lista —, da dívida ativa e da folha de pagamento. São mecanismos complexos, que podem não resolver o problema imediato do caixa, mas sinalizariam para alguma mudança de fato, não apenas de conversa.

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O empresário conta que teve de tomar, ele mesmo, a "decisão que mais dói": cortar parte dos 40 funcionários de sua empresa de contabilidade em decorrência das crises federal e estadual. E diz ter consciência de que o problema não é deste governo ou do anterior. A constatação de Bohn é um alerta para o Piratini.

As relações foram tensionadas até o limite do suportável. Se as correções do Planalto são urgentes, as do Rio Grande do Sul passaram do limite do prazo. Até agora, o que os gaúchos identificam, além da crise, é um apagão de estratégia.

 

http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/economia/noticia/2015/09/marta-sfredo-apagao-de-estrategia-no-piratini-4846235.html




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