Abismo entre escola e a universidade
A reforma do ensino médio e o abismo entre a escola e a universidade
O distanciamento entre alunos de escolas públicas e universidades é um abismo. Nos vestibulares e Enem, que são provas complexas, são cobrados conhecimentos gerais, que na prática não são oferecidos para nós.
Diante da nova Reforma do Ensino Médio, aprovada ontem por Temer, matérias como sociologia e Artes, deixarão de ser obrigatórias e nem todas as escolas irão oferecê-las, teremos ainda mais obstáculos, já que são matérias obrigatoriamente cobradas no vestibular e com a PEC 55, que limita os gastos públicos, precarizando ainda mais o ensino público, aumenta ainda mais a nossa dificuldade de acessar um curso superior.
Gabriela Coladelli sexta-feira 17 de fevereiro
Foto:CABRAL, Luan. Charge sem título. Disponível em: http://luadeabrildf.blogspot.com.br/2011/09/charges-sobre-o-ensino-publico-boa.html
Não é de hoje que alunos, professores e funcionários da rede pública andam sofrendo com a maneira que o Estado trata a educação, como se nós de bairros periféricos não fossemos dignos de uma educação de qualidade. A precarização e a falta estrutural é muito nítida, os ataques que sofremos, dificuldade e barreiras, como: superlotação, falta de professores efetivos, fechamentos de salas, lousas em más condições, falta de produtos higiênicos, a falta do kit escolar e outros, e que enfrentamos e resistimos todos os dias.
Diante de toda realidade colocada acima, atrapalham nosso rendimento escolar, dificultam o professor de lecionar seus conhecimentos adquiridos e todas essas coisas que englobam o ensino, acaba gerando um grande desinteresse automático nos estudantes, por conta do sistema construído, justamente para gerar essa falta de interesse. E por consequências, não temos bases para prestar/passar em um vestibular, com o pouco que é oferecido na escola.
Na teoria, universidades são construídas também para nós, de bairros periféricos, porque são públicas, mas felizmente na prática, nos fazem pensar de que foram voltadas só para alunos que estudaram na rede privada e de que somos seres incapazes de avançar em nossa vida profissional.
E é muito brutal e assustador quando se toca nesse assunto, que muitas vezes quando aparece é de uma forma muito breve e rala, sem fornecer muitas informações e por existir essa grande barreira entre preparação e informação, a grande maioria, compulsoriamente, "opta" imediatamente por entrar no mercado de trabalho, também precário, mas por ser o mais viável e por não ter condições financeiras de pagar uma de rede privada.
É fundamental lutar contra esse Estado, que reforma nosso ensino médio e não toca no vestibular, muito menos acaba com ele, que foi feito para que nós não estejamos na universidade.
Com a PEC 55, (proposta de emenda à constituição), proposta pelo governo de Michel Temer, haverá o congelamento de gastos públicos para segundo eles "contornar a crise", ou seja, por lei o governo tem que investir 12 milhões em serviços públicos, e diante da PEC essa lei deixará de existir e quando entrar em vigor ficará obrigatório investir no máximo até 12 milhões, ou seja se o governo decidir que é necessário investir apenas 10 milhões, perante a lei eles podem. E quando discutido esse assunto eles não deixam nada nítido, para que a população não tenha capacidade de compreender.
A PEC começa a valer a partir de 2017. No caso das áreas de saúde e educação, as mudanças só passariam a valer após 2018. Mas porquê realmente a PEC vai nós prejudicar? Principalmente nas áreas da saúde e da educação?
Porque esses serviços já possuem qualidade inferior àquela esperada por maior parte da população, e é mais um ataque contra a classe trabalhadora e esses setores, que já sofrem, desde de governos anteriores, com a precarização e com a falta de atenção com os interesses da comunidade. Se atualmente os serviços públicos já estão precarizados, como já dito, imagina com a PEC em prática, com falta de investimento cada vez maiores e ainda com os golpistas saindo ilesos perante a lei e mantendo seus privilégios, já que congelam os gastos em saúde e educação, mas não cortam em nada de seus salários bilionários.
E é por isso que devemos nos posicionar contra a Reforma do Ensino Médio e a PEC 55, que mais uma vez é um ataque contra os trabalhadores, lutar para que tomemos essas decisões, para que nós decidamos sobre o nosso futuro. Lutar contra esse filtro social que o vestibular é, clamando pelo fim dele, e por um acesso gratuito a todos os jovens. A juventude deve lutar em aliança com a classe trabalhadora, principalmente os que constroem a universidade, para mostrar que, as universidades são sim lugar de Mulheres, Negros, LGBTs e trabalhadores. Precisamos ocupar nossos lugares, e lutar em defesa de uma educação pública, gratuita e de qualidade para todos!
Perversa Reforma do Ensino Médio é sancionada por Temer a toque de caixa
Apesar do discurso do presidente golpista Michael Temer afirmar que houve um grande debate com a sociedade, o que houve foi uma imposição acelerada da reforma do Ensino Médio.
Redação quinta-feira 16 de fevereiro
Nesta quinta-feira, 16, o presidente Michael Temer sancionou a Medida Provisória 746 (MP/746), correspondente ao projeto de alteração da Lei de Diretrizes e Bases da Educação e outras leis que regem educação para implementar a reforma do Ensino Médio do projeto golpista.
O seu conteúdo da reforma significa uma reformulação da educação que, ao contrário do que prega Temer e os apoiadores da proposta (único lado da discussão que ele realmente deu ouvidos), trará prejuízos à formação básica do estudante e incerteza de emprego para grande parte da categoria docente, eliminando a necessidade de ensino de disciplinas fundamentais, como mostra o seguinte texto.
Além desse conteúdo enganoso e perverso à educação, chama atenção a velocidade com a qual foi aprovado, sendo um tema de alta polarização da sociedade, e que em poucos meses, através de uma Medida Provisória, o projeto correu pelo Congresso até Temer, sendo votado na surdina no Senado há menos de 10 dias.
O governo golpista silenciou as inúmeras ocupações de escolas contrárias ao projeto com repressão. Ignorou as críticas de importantes associações de professores e pesquisadores. Demonstrou como gostaria de implementar seus ataques ainda em stand by, como a Reforma Trabalhista e da Previdência: na base da imposição.