A maioria não quer golpe
‘A MAIORIA NÃO QUER GOLPE, MAS ESTÁ DIFÍCIL DEFENDER ESTE GOVERNO’, DIZ CIENTISTA POLÍTICO
Segundo especialista, maioria da população está insatisfeita com o PT, mas não se identifica com aqueles que estão nas ruas para derrubar Dilma.
Com o acirramento político estourado no Brasil nos últimos dias, motivado tanto pela nomeação de Lula como Ministro Chefe da Casa Civil, feita pela Presidenta da República Dilma Rousseff na última quarta-feira, 16, como também pela divulgação na mídia das gravações feitas pela Operação Lava Jato de conversas telefônicas entre Lula, Dilma e demais políticos e aliados do PT, os brasileiros intensificaram seus posicionamentos políticos (pró ou contra Governo) nas ruas e nas redes sociais.
No entanto, um determinado grupo social se encontra em um confuso e delicado dilema político. São aqueles que criticam o Governo, mas que não defendem o impeachment da Presidenta, visto por estes como um Golpe orquestrado pela mídia e pelas elites brasileiras. Para o cientista político Jorge Gomes, o estranhamento entre classes e a divergência político-ideológica faz com que os “confusos” não se juntem aos que estão indo às ruas clamar pelo impeachment.
“Esses ‘confusos’ são a maioria, e a maioria não quer Golpe, mas está difícil defender este Governo. Eis o dilema que massacra atualmente aqueles que estão indignados com a corrupção na qual o PT se envolveu, mas que não se identificam com aqueles que estão nas ruas gritando pelo impeachment, por não pertencerem ao mundo destes. Só o hipócrita não vê que não é o povo que está nas ruas contra Dilma, mas sim, uma classe média-alta/elite que não engoliu a derrota nas últimas eleições. Mas estes têm sim razão em criticar o atual Governo. Então, de que lado você vai ficar?”, questiona Gomes.
“Muita gente, que têm origem popular, ou que têm alguma ligação com o pensamento político de esquerda, tem preferido não se manifestar, seja nas ruas ou nas redes sociais, por não conseguir definir um posicionamento diante de uma frustração enorme com o Governo, mas também diante de uma total repulsa a burguesia de direita, que se transfigurou de revolucionária para pedir a cabeça da Presidenta petista.”, explica.
“Só para concluir, ainda não existe base concreta para ocorrer o impeachment da Dilma. As gravações que estão sendo exaustivamente divulgadas pela mídia não provam que a Presidenta cometeu crime para ser retirada do Planalto. Caso apareça alguma prova concreta do envolvimento dela nos casos de corrupção investigados pela Lava Jato, aí sim, o impeachment terá fundamento constitucional, caso contrário, será Golpe.”, conclui o especialista.
Maioria da comissão do impeachment recebeu doações de empresas da Lava Jato
A comissão que vai avaliar o pedido de impeachment da Presidenta da República Dilma Rousseff no Congresso Nacional foi montada na última quinta-feira, 17, e vai contar com 65 deputados.
Contudo, 40 destes parlamentares receberam dinheiro de empresas investigadas na Operação Lava Jato, durante as suas campanhas políticas nas eleições de 2014; o que vem gerando a indignação de boa parte dos brasileiros, que não consideram tais políticos aptos para tomar uma decisão tão importante como a do impeachment de uma presidente da República.
Para a estudante de biologia, Amélia Peixoto, 22, a presença destes deputados na comissão do impeachment é inaceitável.
“Não dá para aceitar uma coisa dessas. Estou muito decepcionada com o Governo, mas se Dilma tem que ser avaliada, que seja, então, por pessoas dignas e não por deputados que receberam dinheiro de empresas corruptas. Que moral que essas pessoas têm para tirar uma presidente eleita democraticamente do seu cargo? Volto a afirmar, estou bastante triste com os rumos que este Governo tomou, mas, também não legitimo esses deputados como aptos para julgar ninguém.”, opina Amélia.
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