O RS sem pressa

O RS sem pressa

O Rio Grande sem pressa

lentidão 1

Por Sergio Araujo

A demora para encontrar uma solução para a greve do magistério e a reabertura das escolas ocupadas por estudantes reforça uma das marcas da administração Sartori: a lentidão na tomada de decisões socialmente e economicamente importantes. O interessante é que isso contrasta com a rapidez adotada nos primeiros meses de governo, quando conseguiu a aprovação do aumento do ICMS; a elevação do percentual de utilização dos depósitos judiciais; a criação da previdência complementar; e o congelamento dos salários e da nomeação de concursados.

Mas a sensação de maldade gerencial se dissipa quando observamos que se trata, na verdade, de uma inaptidão para o exercício da gestão pública. A começar pela composição do secretariado. Se a crise econômica é usada como desculpa pelo que não está sendo feito – situação conhecida antes da posse -, Sartori deveria ter colocado especialistas nas áreas de maior importância socioeconômica. Não colocou. Com algumas exceções, como nas áreas da saúde, agricultura e cultura. Isso limitou as possibilidades de utilizar a criatividade e a inovação como alternativas para a escassez de recursos.

Essa limitação e a contumaz morosidade na tomada de decisões estão retardando a intenção do Executivo estadual de terceirizar serviços em áreas onde não existe recursos para investimentos. Aliás, a falta de incentivo à capacidade produtiva do segmento industrial e de serviços é uma das causas da estagnação do desenvolvimento do estado e, consequentemente, da sua recuperação econômica.

E olha que não faltam exemplos dessa viabilidade. Um deles, mais recente, é dado pela Celulose Riograndense que decidiu utilizar a hidrovia para o transporte da sua produção. A celulose fabricada é levada até o porto de Pelotas, descarregada, e a mesma embarcação retorna à fábrica transportando madeira produzida na região Sul do estado. Isso reduz custos, diminui o trânsito pesado na BR-116 e incrementa a economia, dentre outros benefícios.

Ideias. Elas valem ouro. Mais ainda quando o dinheiro é escasso. É por isto que não dá para entender porque o governo do Estado não realiza parceria com as universidades. Por que não valoriza adequadamente a pesquisa? Por que não trata os professores com o respeito que eles merecem? Por que não qualifica o ensino e cuida melhor das escolas? Por quê?

Ao mostrar paciência demasiada com aquilo que precisa pressa, ao desestimular o servidor público, ao inibir a parceria público-privada, ao priorizar o político em detrimento do profissionalismo e da técnica, o governo coloca o Rio Grande na condução de moribundo, quiçá um sobrevivente com morte anunciada, num velório que parece não ter fim.

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Sergio Araujo é jornalista e publicitário

 

http://www.sul21.com.br/jornal/o-rio-grande-sem-pressa/




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