Melhores filmes de 2015

Melhores filmes de 2015

Os 10 melhores filmes de 2015

Para todo site de cinema que se preze, fazer a lista de melhores do ano é uma tarefa especial. Como estamos no ar desde junho de 2015, esta é a primeira vez do TelaTela.

Para chegarmos aos dez títulos que mais encheram nossos olhos, numa safra particularmente boa para o cinema autoral, também aqui no Brasil, cada um dos editores teve direito a três escolhas e mais uma indicação para o filme consenso, aquele que não poderia ficar de fora da lista de jeito nenhum.

Além de considerar todos os lançamentos no circuito brasileiro deste ano, também foi permitido eleger filmes que por enquanto só passaram em Festivais, mas devem chegar às salas ao longo de 2016 – é o caso de dois deles.

Como toda lista do tipo, é um retrato do momento, reflete o cinema em que nós acreditamos e um pontapé inicial na discussão que deve se prolongar nos comentários, a partir das listas com os favoritos de nossos leitores.

Os 10 melhores de filmes de 2015 para a equipe do TelaTela:

A Unanimidade: Que Horas Ela Volta?

Certamente o mais debatido do ano, o filme de Anna Muylaert é, antes de tudo, uma história muito bem contada, por uma diretora e roteirista em seu auge. Consegue equilibrar apelo popular com qualidades cinematográficas, sem deixar de tocar em temas importantes da sociedade brasileira.

A Val de Regina Casé e a Jéssica de Camila Márdila (ambas premiadas em Sundance pelas atuações) são personagens que têm lugar garantido na história do cinema nacional, representações dos abalos de uma estrutura que começa a ser cada vez mais questionada, depois dos avanços sociais dos últimos anos.


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Flavia Guerra

 

 

Últimas Conversas

Não só por ser o último filme de Eduardo Coutinho, que foi montado por sua editora e parceira Jordana Berg e terminado por João Moreira Salles após sua morte em 2014, Últimas Conversas é um marco. Síntese do cinema do essencial perseguido por Coutinho, traz o diretor diante de jovens estudantes do ensino médio que se preparam para entrar na vida adulta. Apenas uma sala vazia, uma cadeira e o entrevistado. Diante do diretor e sua equipe, todas as questões humanas, das mais banais às mais existenciais, estampadas nos rostos e nas vozes dos jovens. A prova de que a simplicidade é de fato o último estágio da sofisticação.

Dois Dias, Uma Noite

Humano, demasiadamente humano, e ao mesmo tempo extraordinário. Assim é Dois Dias, Uma Noite, dos irmãos belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne. Não só pela ótima performance de Marion Cotillard, que se despiu do papel de diva e criou uma cidadã absolutamente comum. Ela vive Sandra, uma operária que, depois de descobrir que vai ser demitida se os colegas de trabalho não aceitarem abrir mão de seu bônus de fim de ano, tem dois dias e uma noite para falar com cada um deles e tentar sensibilizá-los. De forma quase documental, mas muito bem arquitetada, os Dardenne filmam o drama de Sandra com crueza e ternura. Em tempos pós-modernos e da cultura do individualismo, o filme questiona e comove o espectador.

Divertida Mente

No ano em que o brasileiro O Menino e o Mundo (de Alê Abreu, que estreou em 2014) é apontado como um dos finalistas ao Oscar de Melhor Animação 2016, Divertida Mente prova que o gênero merece ter um representante no hall dos melhores do ano. Sagaz, criativo e sensível, o longa de Pete Docter (de Up – Altas Aventuras) conta a história da garota Riley. Aos 11 anos, ela enfrenta grandes mudanças na vida e suas emoções estão à flor da pele. A engenhosidade do roteiro é tratar de temas sérios com humor e sem pieguice, além de transformar justamente as emoções em personagens e revelar como funciona a cabeça de Riley. Comandada pela Alegria, com a ajuda do Medo, da Raiva, do Nojinho e da Tristeza, a mente da menina é um universo colorido e também sombrio, em que o simbolismo e a psicanálise ganham metáforas visuais tão divertidas para crianças quanto para adultos.


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Diego Olivares

O Clube

Envolto em uma neblina constante, o filme do chileno Pablo Larraín é um drama psicológico perturbador, que ataca os abusos da Igreja Católica de forma violenta, ao mesmo tempo em que é um refinado exercício visual. Cinema da mais alta qualidade: original, envolvente e questionador.

Birdman

Não só pelo falso plano-sequência, mas também por ele. Alejandro González Iñarritú mostra todo seu domínio técnico para mergulhar na mente do personagem de Michael Keaton, e assim refletir algumas das angústias não só da cultura pop, mas de um mundo contemporâneo onde a relevância é medida em curtidas.

The Lobster

Não há previsão de estreia do filme do diretor grego Yorgos Lanthimos no Brasil, mas a passagem pelo Festival de Rio, em sessões sempre concorridas, foi a chance de ver esta história surreal sobre a busca por uma cara-metade num mundo onde os solteiros são transformados em animais caso não a encontrem. Parece loucura (como os filmes anteriores do cineasta), mas a viagem faz muito sentido e é das comédias mais divertidas do cinema mundial recente.


 

   Clarice Cardoso

Para Minha Amada Morta

A busca da identidade e da reconstrução da mulher amada é o fio condutor deste belo longa de Aly Muritiba. Elementos de suspense permeiam mas não protagonizam uma história agridoce da tentativa de apreender o objeto amado em sua totalidade, como ocorre na melhor tradição literária e audiovisual. A mais grata surpresa do Festival de Brasília, de onde sairia com sete merecidos prêmios.

Para Sempre Alice

O brilhantismo de Julianne Moore se mostra em todas as nuances neste filme que aborda, mais do que o Alzheimer, a perda do que nos é mais valioso e a construção da nossa identidade (apesar de) na convivência com aqueles que amamos.

Party Girl

O diretor Samuel Thais retrata a vida da própria mãe e interpreta a si mesmo no filme sobre uma garota de programa que, ao envelhecer, revê a própria trajetória e os laços que construiu. Apesar da proximidade com o tema, os diretores conseguem desviar de estereótipos e lugares-comuns construindo uma obra unicamente sensível.

 

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