PNE e a ilha da fantasia

PNE e a ilha da fantasia

 

É sabido, desde a Grécia antiga, que a educação é fundamental para a evolução de um povo. Milênios se passaram e o mundo continua pouco observando esse princípio evolutivo a todas as Nações. Alguns povos tomaram iniciativas de buscar seu desenvolvimento fazendo uso da educação. No século passado, com o advento da revolução industrial do século IXX, as novas economias do mundo se viram obrigadas a impulsionar o seu sistema educacional como forma de sobrevivência na nova ordem econômica mundial. O avanço educacional trouxe enormes conquistas e acelerou o crescimento industrial em todos os setores. O mundo civilizado começou a marcar território e espaços no planeta terra. As guerras mundiais imprimiram a necessidade dessa evolução que tem base na educação.

O Brasil, só no final do século passado, começou a entender que não é possível construir uma sociedade evoluída sem um sistema educacional que induza a sua população à busca do saber, a desejar crescer profissionalmente. O País parece que entendeu a necessidade, mas suas ações em nada levam a parecer que compreendeu o que deseja e necessita a educação para promover crescimento profissional e social. Até agora ainda não foi percebido que o sistema educacional brasileiro está falido, necessita de rupturas e inovação, um novo repensar com forte conteúdo prático e objetivo.

A proposta do novo Plano Nacional da Educação - PNE, é algo da 'ilha da fantasia'. Não pode mais ficar no campo das boas intenções ou de ilações e conjecturas. Somos um País que está vivendo um enorme atraso tecnológico, industrial e técnico. Não temos nada, ou quase nada, desenvolvido com alta tecnologia e que possa levar o Brasil como desenvolvido. Somos meros montadores de equipamentos que nos chegam para o nosso parque industrial. Estamos vivendo de importar tecnologias em todos os setores considerados de ponta na economia global. Vivemos de exportação de commodities e não conseguimos agregar valores ao muito pouco do que exportamos. Vivemos um momento de massacre com a indústria genuinamente nacional. Tudo isso pela falta da educação.

O Brasil tem apenas pouco mais de 4% de sua população com curso superior completo, chega a quase 8% de conclusão universitária incluindo aí os cursos de tecnólogos. A China forma, só de engenheiros, quase um milhão por ano e tem anualmente mais de 700 mil formados, nas diversas áreas, fazendo curso de pós graduação e doutorado no exterior. O por quê dessa avalanche educacional chinesa é que entenderam e compreenderam que aí, na educação, estava a chave do sucesso para o povo chinês. No Brasil essa percepção da necessidade da educação escapa dos desejos reais da administração federal que faz do Ministério da Educação sofá político para acomodar aliados que o transforma em trampolim político a cargos majoritários.

O leitor pode estar perguntando, como fazer? Muitas formas e caminhos podem ser dados ao sistema educacional. Pode passar pelo caminho da desvinculação da área educacional da estrutura gerencial de governo, ou seja, ter independência administrativa e financeira, de alcance único nacional, administrado por colegiado formado pelas instituições educacionais do País. É um estudo que já foi apresentado a PUC-RIO, enviado ao Senador de Mato Grosso, Pedro Taques, ao Deputado Federal Júlio Campos e ao Deputado Federal Duarte Nogueira. Outra ação é passar pela liberação de qualquer tributo às instituições de ensino que, pelo contrário, deveriam ser estimuladas à inovação no aprendizado. Nenhum pai de aluno deveria pagar impostos de qualquer gasto com a área de ensino, seja formal ou não formal. Estimular, com incentivos fortes, a educação no pátio das indústrias, fazendo com que elas formem, em todos os níveis escolares, os seus operários. Na qualificação de mão de obra, muitas já fazem.

Não há como a economia de um País desenvolver sem uma sólida formação educacional de seu povo. A falta desta, educação, implica em salários de baixa qualidade e opressão ao desenvolvimento pessoal. É o que vive o Brasil no momento. Consumir só através de crédito, não de ganhos ou economia própria. Com baixos salários, não há poupança. Para alcançar um nível educacional de qualidade é preciso ter Professores de qualidade, aí está o cerne da questão. Como melhorar e estimular o educador? Regra número 1: atrelar os aumentos, automáticos, a realização de cursos de aperfeiçoamento, especialização e outros tais como mestrado, doutorado, etc. Em próximo artigo volto a essa questão de forma mais específica.

Rapphael Curvo é jornalista, advogado pela PUC-RIO e pós graduado pela Cândido Mendes. E-mail: raphaelcurvo@hotmail.com

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