Educação prioridade no orçamento

Educação prioridade no orçamento

Gastos com educação são prioridade no orçamento familiar

Patricia Valle e Renata Vieira - O Estado de São Paulo - 16/04/2014 - São Paulo, SP

Um ano depois de concluir a faculdade, Guilherme, de 23 anos, dá os primeiros passos no mercado de trabalho. Agora, com renda própria, ele consegue dimensionar melhor o tamanho do investimento de seus pais durante toda a sua vida escolar e acadêmica. O irmão, Eduardo, 22, a um ano da formatura em Administração na ESPM-SP, também sabe o peso da mensalidade de seu curso nas contas da casa. Enquanto financiavam a educação dos dois filhos, Homero, que é administrador de empresas, e Ester Mendes, advogada, comprometeram mais de 40% da renda da família.

Homero explica que eles optaram pela educação privada desde que os filhos iniciaram a vida escolar. Os gastos se tornaram mais robustos quando o filho mais velho decidiu fazer a graduação fora do Brasil. Os três anos cursando Ciências Políticas e Cinema em Paris, ao mesmo tempo que o irmão frequentava uma universidade privada em São Paulo, foram os mais apertados do orçamento da família. `Nós matávamos um leão por dia para dar educação aos dois`, lembra Homero. Ele explica que os gastos com lazer foram cortados imediatamente. `Paramos de viajar para manter o Guilherme na França e garantir a faculdade do Eduardo aqui`, completa.

Ainda assim, o pai pretende continuar auxiliando os filhos na formação acadêmica. `Se eles quiserem uma pós-graduação, nós vamos ajudar`. Para Homero, investimento em educação é o melhor a se fazer pelos filhos. `O Guilherme voltou da França falando mais de seis idiomas, com uma formação maravilhosa, coisa que ele não teria no Brasil`, avalia.

Já Maria Luísa, de 10 anos, Maria Eugênia, 8 anos, e João Francisco, 5 anos, podem não saber, mas seus pais investem de 15% a 20% da renda para a educação deles. A mãe, Fabíola Cammarota de Abreu, e o pai, Cláudio de Abreu, advogados e pós-graduados, esperam que os filhos tenham uma formação equivalente ou superior à que tiveram.

Eles acreditam que um futuro profissional promissor depende de uma boa formação no ensino básico, o que os levou a escolher uma escola particular de São Paulo. `Infelizmente o ensino público é complicado. Eu queria um lugar com boa qualidade de estudo e boa infraestrutura`, conta Fabíola. Línguas estrangeiras também são um grande investimento: os filhos são fluentes em inglês e a mais velha já fala espanhol.

Os pais esperam que os meninos cursem uma universidade e façam um intercâmbio, mas não têm preferência pelo ensino superior público ou privado. Como a maioria dos brasileiros, os pais não poupam especificamente para os gastos com educação no futuro, mas há uma poupança geral para a família.

Fabíola afirma que os gastos são elevados, mas não interferem no modo de vida deles. `Se o custo fosse menor, talvez nós poupássemos mais e viajássemos mais`, reflete a mãe, que não acredita que esse seja um problema. Ela pensa na educação como um investimento constante: `Se tem algo de valor que eu possa deixar para os meus filhos é a educação`.




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