Faxina na escola

Faxina na escola

"Os professores poderiam estar estudando, planejando, organizando suas salas de aula e não fazendo faxina na escola",

afirmam Cibely Lobato da Costa e Joelma Fernandes de Oliveira

Fonte: Folha de Boa Vista (RR)

Quando a Educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser opressor (Paulo Freire)

Como é bom início de ano, sensação de recomeço, para os Professores boas expectativas, novos Alunos, nova gestão, novos colegas de trabalho. Para muitos inclusive prédio novo. Neste sentindo, subentendem-se novas práticas, novos aprendizados novos direcionamentos da equipe que vai liderar o trabalho Docente.

Imagine então chegar à Escola em plena segunda-feira contente com as realizações que estão se iniciando, querendo conhecer os nomes dos novos Alunos que estarão ao seu lado durante todo o ano letivo, de certa forma é inevitável essa ansiedade inicial, uma expectativa que só quem ama a profissão compreende.

E ao chegarmos à “Escola nova” e não ter nem mesmo uma cadeira para sentar, justificativa? Prédio novo. Nem água para os Professores! Aliás, para nenhum servidor, ao invés de uma recepção justa para todos que vão passar no mínimo 200 dias dividindo este espaço, o que nos aguardava como instrumentos de recepção de bom dia? Acreditem! Mangueiras, detergentes, vassouras e rodos. Esses foram os materiais de trabalho oferecidos nesta manhã numa determinada Escola nova da rede municipal de Ensino, que solicitou a colaboração dos Professores para limpar toda a Escola, pela justificativa de não ter funcionários para realizarem tais trabalhos. Muitos ficaram perplexos com tal proposta. No entanto, alguns Docentes por motivos pessoais, ideológicos ou por temerem a represálias resolveram participar de tal ação, inclusive retornaram em suas casas para trocarem de roupas e sapatos.

Neste momento, um turbilhão de emoções se formam sem saber definir exatamente o que é, o que sentir. Raiva? Revolta? Desvalorização? Desprestígio? Um sentimento estranho e angustiante. Não estamos dizendo que exercer essa função é indigna, mas sim que não é função do Professor, embora em muitos momentos já tenhamos feito isso de bom grado na Escola. Afinal, os beneficiados serão os nossos Alunos, pois quem ama cuida e essa é a vontade de quem ama a profissão, propiciar um ambiente acolhedor a fim de favorecer a aprendizagem.

Mas até em que ponto teremos que continuar aceitando e nos submetendo a exercer todo tipo de função pensando nesse bem maior, nesse acolhimento? E assim nos cabe mais uma reflexão sobre quanto de dinheiro foi gasto para fazer a formação dos gestores em mais de um dia no Eco Park? E que pelos comentários de alguns participantes foi considerado

EXCELENTE.

Será que os encaminhamentos dados nesta formação foi esse tipo de direcionamento que a gestão da referida Escola realizou com seus Professores nessa manhã? Será que todo esse tempo de nova gestão na Secretaria Municipal de Educação não foi hábil para contratação de servidores da limpeza? Ano passado a desculpa era que estavam arrumando a casa, estruturando a secretaria e as Escolas ficaram o ano inteiro com o número mínimo de servidores da limpeza, assistentes de Alunos e merendeiras. Um ano se passou desde que o novo grupo começou a “arrumar a casa” e ainda tem tanto pó a ser tirado.

Foi um dia triste. Os Professores poderiam estar estudando, planejando, organizando suas salas de aula e não fazendo FAXINA NA Escola.

“ É pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem é que se pode melhorar a próxima prática” - Paulo Freire

*Pedagogas 

http://www.todospelaeducacao.org.br/comunicacao-e-midia/educacao-na-midia/29512/opiniao-faxina-na-escola/




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