Impasse não acaba

Impasse não acaba

Desocupação não põe fim ao impasse

Professores saem da Assembleia e conseguem na Justiça garantia de que pontos não serão cortados

Depois de desocuparem a Assembleia Legislativa e de se reunirem com o secretário estadual da Educação, representantes dos professores estaduais conseguiram ontem à noite, na Justiça, a garantia de que os grevistas não terão o ponto cortado. O desembargador Rui Portanova, do Tribunal de Justiça do Estado, emitiu decisão liminar proibindo o governo de fazer descontos no contracheque.

O argumento da Justiça é de que o direito à greve está previsto na Constituição. Ameaças neste sentido significariam uma coação. Para a presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Cpers-Sindicato), Rejane de Oliveira, a ação procurou proteger as reivindicações da classe, principalmente no cumprimento do piso. Ela definiu a decisão como “um precedente para a classe trabalhadora lutar pelos seus direitos”. A administração estadual preferiu não fazer uma avaliação, limitando-se a dizer que “o importante é a recuperação das aulas”.


Durante o dia de ontem, os professores decidiram realizar assembleia geral amanhã. No encontro, agendado para às 14h, no Largo Zumbi dos Palmares, o Cpers vai colocar em votação a continuidade ou não do movimento grevista deflagrado em 23 de agosto.


Em audiência com o secretário da Educação, José Clovis de Azevedo, o governo havia proposto abonar as faltas dos grevistas e promover 23 mil professores até o ano que vem, caso ocorra a aprovação de suas propostas e o encerramento da greve.


– Das 27 reivindicações, atendemos 14, como a licença-maternidade de 180 dias. Não tivemos acordo nos três itens considerados prioridade pelo Cpers, mas mantivemos aberto o diálogo. Esperamos que a AL aprove os pontos de consenso – disse Azevedo.


Os pontos prioritários para o sindicato são a implantação do piso nacional do magistério, a suspensão da reforma no Ensino Médio e mudanças no pagamento do vale-alimentação.


– Não houve nenhum avanço. O governo manteve a mesma posição – afirmou a presidente do sindicato, Rejane de Oliveira, depois da audiência.


Na terça-feira, dezenas de manifestantes haviam entrado na Assembleia Legistativa – gritando palavras de ordem e batucando em tambores – para pedir uma reunião com o presidente, Pedro Westphalen (PP). Queriam um posicionamento da Casa sobre sua pauta de reivindicações e apoio para que as conturbadas negociações com o Estado fossem retomadas.


Cerca de 50 pessoas, entre professores e representantes do Bloco de Luta pelo Transporte Público, passaram a noite no prédio. Depois de conversações com Westphalen, o governo concordou com um encontro com o Cpers, que ocorreu ontem pela manhã. Os manifestantes deixaram o Palácio Farroupilha por volta das 10h.


*Colaborou Carlos Rollsing
itamar.melo@zerohora.com.br

ITAMAR MELO*




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