Precatório: Verdade ou Ilusão?

Precatório: Verdade ou Ilusão?

Precatório: Verdade ou Ilusão?

Carla Dias


Sou descendente de família portuguesa. Devido às condições desfavoráveis em Portugal, meu avô, em uma atitude arrojada, arregaçou as mangas e veio para o Brasil.

A vida não lhe foi fácil, mas junto a sua Maximina foram para a Ilha dos Marinheiros onde trabalhavam na lavoura e na produção artesanal de um fermentado conhecido como Jurupiga.

Mudando-se para a cidade de Rio Grande, minha vó, apesar de analfabeta, foi sábia e de muita raça. De uma de minhas tias ouvia sempre: “Mamãe era o cérebro, Papai era o trabalho.” E com muita convicção, concluíram que os filhos precisavam de estudo, sendo a maior herança que lhes deixariam. Montaram, então, um pequeno restaurante junto ao cais do porto. Assim formaram meu pai advogado, outro funcionário da Viação Férrea e a filha PROFESSORA de Filosofia.

De tudo isso que narrei, o caro leitor deve estar se perguntando: “ E o que tem os precatórios a ver com isso?“

Tem e muito. Meu avô sempre usou grandes bigodes, num tempo em que as palavras realmente valiam cada fio que se tinha nele e o seu poder representava o caráter de um homem, uma vez proferida a promessa a ela não se voltava atrás!

Mesmo de bigodes, o Sr. Tarso Genro, governador do RS, alardeia na mídia que está pagando os precatórios, mostrando uma senhora de 107 anos que até a casa vai reformar e tratar-se da coluna.

Tenho, senhor governador, 50 anos e há duas semanas fui internada de urgência por conta de uma trombose na artéria femural direita. Foi aí que vi como é fácil estar viva e de um momento para outro a vela da vida simplesmente apagar-se. Desde 2005, espero, como PROFESSORA com carga horária que até o ano passado era de 60 horas, o que me é devido deste governo. Creio que só deixarei ao meu filho a sede pela verdadeira justiça.

No Brasil quase tudo tornou-se um grupo de víboras politiqueiras que só se acalmam com as benesses arbitrárias e injustas. Haja visto, uma atulhada Câmara de Deputados... um Senado com cadeiras vitalícias e, no nosso RS, uma Assembleia Legislativa inoperante e na grande maioria das vezes a serviço do governo atual, mesmo quando os concursados gritam pelos seus direitos, porém, o que me consola é que mais cedo ou mais tarde, as máscaras cairão e segundo Maximina: “a verdade fará falar os mudos! “

CARLA DIAS é Professora com Licenciatura em História e Especialização em Educação pela UFPEL


http://cpers.com.br/index.php?&cd_artigo=454&menu=36
*Artigo também publicado nos jornais Diario Popular e Zero Hora




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