Estresse e super carga horária

Estresse e super carga horária

Estresse e super carga horária leva professores à depressão e outras graves doenças

25/03/2016

Imagem: Pixabay

Da Redação

É regra geral em todo o país: estresse da sala de aula e super carga horária levam professores à depressão e outras graves doenças que, muitas vezes, podem resultar até em morte mais cedo ou em inconvenientes restrições na vida. Dados podem ser encontrados em sites das próprias seducs ou através da Lei de Acesso à informação.

Segundo  matéria do UOL, apenas em 2015 136 mil docentes se afastaram para tratamento médico na Rede Estadual de São Paulo. Dentre os motivos, transtornos mentais (sobretudo a depressão), problemas de voz, coluna, problemas circulatórios, insônia e estresse generalizado.

O problema se espalha Brasil afora. A professora Salete M F, de Curitiba, diz que tem pânico antecipado ao aproximar-se das escolas onde trabalha. "Minha cabeça começa a projetar o barulho e o desrespeito dos alunos, o que me faz chorar e muitas vezes voltar do meio do caminho. Hoje só enfrento a sala de aula com auxílio de remédios, diz.

Paulo C M, de Fortaleza, disse que após vinte anos de trabalho em três turnos teve que abandonar a sala de aula com calos nas cordas vocais , depressão e pressão alta. "Hoje levo a vida de forma muito limitada", declara de forma introspectiva.

A docente aposentada Sandra A C, de Belém, declara que o dia mais feliz da vida dela foi quando recebeu sua aposentadoria. "Senti-me como se tivesse me libertado da escravidão. Hoje, embora com vários problemas de saúde, agravados pelos anos de labuta em colégios, consigo dormir em paz", desabafa.

O que fazer?

Todos os problemas enfrentados pelos docentes ao longo da profissão só podem ser resolvidos se houver investimento no setor público do magistério. É preciso criar uma carreira nacional, que possibilite valorização salarial e melhores condições de trabalho a todos os educadores do país.

Sob esses aspectos, é necessário pagar aos que têm a nobre tarefa de educar no mínimo a média remuneratória de outras categorias do serviço público com a mesma formação dos professores. No geral, um técnico apenas graduado no poder executivo, legislativo ou judiciário não ganha menos que R$ 6 mil mensais no início de carreira, algo que distoa do piso inicial nacional do magistério, que está na casa dos R$ 2.100,00.

Nessa linha, é preciso também diminuir a quantidade de alunos por turma bem como o número semanal de aulas dos professores. O alto estresse da sala de aula está basicamente assentado nesse binômio que marca a carreira docente na educação básica.

Para que isso ocorra, no entanto, é necessário que as entidades representativas do magistério se mobilizem e exijam seus direitos. Governos no Brasil, como todos sabem, só cedem alguma melhoria debaixo de pressão. Muita pressão.


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Dez depoimentos de professores que chocam ou comovem qualquer um

25/03/2016 20:08

Por Camila Torres, Rio de Janeiro / Imagem: pixabay


Durante quatro anos colhi livremente depoimentos de professores de sala de aula em todo o país. O alvo foi a educação básica das redes públicas estaduais e municipais. Ao todo, juntei mais de 1.200 falas sobre as experiências de cada um nas escolas. O objetivo é futuramente desenvolver um projeto de pós-graduação em torno disso.

Abaixo, apresento os dez depoimentos que mais me marcaram, embora, no geral, todos tenham convergido para um mesmo rumo: amarguras por um lado e esperança e coragem de lutar, por outro.

Veja: (Nomes fictícios)

  1. No meu primeiro dia de aula simplesmente chorei. A turma era superlotada, sem qualquer conforto. Um calor escaldante. Uma menina de 13 anos me disse: "Professora, a senhora é a terceira de Português que vem aqui em menos de um mês, a senhora não vai aguentar". Uma barulheira tomou conta da sala, quase ninguém me atendeu, me senti um lixo. Falei com a diretora e fui embora procurar outra escola. Continuo por continuar. (Graça Lopes, Teresina-PI)

  2. Em poucos meses pensei em desistir da profissão. Salários baixos, condições de trabalho ruins, humilhações diárias em sala de aula. Nada a ver com o que pensei para a minha vida. Me sinto já meio esgotada. No entanto, amigos me convenceram a continuar, sob o argumento de que é possível enfrentar o governo e conquistar um rumo melhor nessa profissão. Estou à espera disso, na luta. Não sei até quando vou resistir. (Cláudia Lins, Natal-RN)

  3. Nem sei o que dizer, mas confesso que levo as aulas do jeito que os alunos e os governos querem me levar, ou seja, no deboche. Não tenho vergonha de dizer: meu compromisso hoje é zero com essa profissão. Mas também não posso largar. (Luis Paulo, Curitiba-PR)

  4. Já cheguei até a ser espancado por um aluno dentro da escola. Sangrei por dentro e por fora. Tive que procurar auxílio psicológico. Hoje perdi a ilusão de que é possível fazer um trabalho sério nas escolas públicas, não apenas por conta dos baixos salários, mas porque governo algum nunca vai investir em lugar que só tem pobre. (Aluisio Ferreira, Guarulhos-SP)

  5. É tudo uma farsa. Se a gente age com rigor com os alunos e reprova os que não querem estudar, vem o governo e manda passar todo mundo. No entanto, diante de qualquer falha, logo aparece alguém para querer nos desmoralizar. Sinto-me uma desmotivada em relação a tudo isso. Só Deus pode me ajudar. (Célia Cruz, Rio de Janeiro-RJ)

  6. Durante muito tempo lutei para fazer um bom trabalho na escola. O que ganhei? Problemas nas cordas vocais, depressão e distúrbios circulatórios. Dinheiro e reconhecimento que é bom, jamais. Nem chorar consigo mais. (Pedro Henrique, Fortaleza-CE)

  7. A coisa não é fácil. Já levei literalmente muita porrada de alunos em sala de aula e da polícia, em greves. Mas resisti. Não dá mais para voltar atrás. A saída é lutar para melhorar a situação. (Lúcia campos, Porto Alegre-RS)

  8. Me desculpe, mas não consigo falar sobre isso. (Tânia Vaz, São Luis-MA)

  9. A coisa não é brincadeira. Funciono em sala de aula à base de calmantes. O governo nos trata como se não fôssemos ninguém. Confesso que não sei mais o que fazer. (Jorge Reis, Aracaju-SE)

  10. É preciso enfrentar. Antes, pensava que apenas os professores eram maltratados. Hoje, sei que o problema é de classe. Não há trabalhador bem tratado neste mundo, embora alguns tenham algumas vantagens a mais que outros. Vamos em frente. (Antônio Costa, Recife-PE)



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