por Marino Boeira

Em 1983, em plena ditadura militar, Milton Nascimento usou todo o seu talento para cantar sua fé na juventude:

“Coração de estudante
Há que se cuidar da vida
Há que se cuidar do mundo”

Hoje, quando o Brasil mais uma vez se encontra numa encruzilhada entre uma nova ditadura da direita e um aprofundamento de uma democracia conquistada à duras penas,  é preciso por fé na ação da nossa juventude.

Enquanto o movimento sindical se encolhe, incapaz de pôr na rua os trabalhadores para protestar contra o golpe que alijou do poder uma presidente escolhida pela maioria dos brasileiros, os estudantes mais uma vez dão exemplo.

Seguindo seus colegas de São Paulo, estudantes gaúchos já ocuparam 150 escolas públicas no Rio Grande, para protestar contra o descaso das autoridades com os estabelecimentos de ensino, quase todos deteriorados, e em apoio aos professores, que estão em greve por melhores salários.

Além dessas bandeiras de luta, por trás do movimento estudantil está um objetivo político muito claro e importante, enfrentar os que defendem o estado mínimo, isto é, um estado que não invista na educação e na saúde da população.

Na França, milhares de trabalhadores estão nas ruas lutando contra a política do “socialista” François Hollande de restringir os direitos dos trabalhadores e fazendo greves que estão paralisando o país.

Aqui no Brasil, o movimento sindical, amortecido em sua capacidade de luta, primeiro pelo “peleguismo” dos seus dirigentes e depois pela política de resultados práticos, inculcada pela visão reformista do PT, é incapaz de perceber, ou percebe muito pouco, que é hora de levantar bandeiras de luta contra as políticas de proteção ao capital, seguidas inclusive pelos governos de Lula e Dilma.

A primeira tarefa é retomar o poder para quem foi eleito para isso, a Presidente Dilma. A segunda é convencê-la de que precisa tornar realidade suas promessas de campanha. Para isso, os trabalhadores precisam se organizar, fazer greves políticas, forçando o Senado a recuar da sua intenção de cassar o mandato de uma presidente legitimamente eleita.

É preciso denunciar em todos os espaços possíveis, a mídia corrupta e comprometida com o golpe, que tenta esconder a insatisfação da maioria da população com o que está acontecendo hoje no Brasil.

Vamos seguir o exemplo dos estudantes.

.oOo.

Marino Boeira é professor universitário.

http://www.sul21.com.br/jornal/coracao-de-estudante-por-marino-boeira/