Capes afeta formação de professores

Capes afeta formação de professores

Atraso em programa da Capes afeta formação de professores

por Raphael Kapa - O Globo - 05/08/2015 - Rio de Janeiro, RJ


A formação de professores em Matemática, Física, Biologia e Química é vista como primordial devido à falta destes profissionais no mercado. Porém, um programa que promove exatamente o desenvolvimento e o intercâmbio de alunos destas faculdades com instituições no exterior pode não acontecer este ano após atraso de mais de um mês no edital.

O Programa de Licenciaturas Internacionais (PLI) divulgou seu edital em novembro de 2014 com inscrições até abril deste ano. Os resultados deveriam sair no mês de junho — o que não ocorreu —, mas o que mais angustiou os alunos foi a falta de respostas da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), agência que gerencia o programa.

— Quando venceu o prazo, eles começaram a dizer que o resultado sairia no meio de julho. Agora, já entrou outro mês e não nos dão nenhuma certeza, só pedem para verificarmos o site do programa — afirma Luiz De Bom, estudante de Química na Universidade Estadual de Londrina.

Enquanto os brasileiros continuam sem uma posição, foram os portugueses que receberam uma resposta do governo daqui. Um dos coordenadores lusitanos do projeto afirmou que o Brasil decretou a suspensão do PLI este ano.

Um e-mail enviado para os representantes portugueses diz que a Capes “decidiu não publicar os resultados do Edital n.º 74/2014, devido a ajustes orçamentários e consequente atraso na publicação dos resultados, que inviabilizou o início das atividades acadêmicas para setembro de 2015.”

Para Maria Laiz Cabral, estudante de Química do Instituto Federal da Paraíba, a falta de informação traz muita ansiedade:

— Estamos com as vidas travadas. Muitos alunos perderam suas bolsas de iniciação científica, pois seus coordenadores não contavam que ainda estaríamos no Brasil. Inscrições para congressos foram perdidas, e empregos para ministrar aulas acabaram rejeitados.

CAPES NEGA FIM DO PROGRAMA

O programa, inicialmente, ocorria em oito universidades portuguesas, mas se estendeu também para instituições francesas como a Paris-Sorbonne. Para participar, é necessário que o aluno esteja vinculado a um projeto — ao todo são selecionados 40 por edição, e cada um deve ter no máximo sete integrantes. Diferentemente do Ciência Sem Fronteiras, durante todos os dois anos do programa o aluno é acompanhado por um coordenador geral, um professor brasileiro e outro estrangeiro. Ao final, o estudante ganha uma dupla diplomação.

— Nossos alunos estão se destacando internacionalmente nesses programas e voltando com um conhecimento essencial para a sala de aula. Antes, nunca tivemos qualquer programa de incentivo ao aluno de licenciatura, e agora que temos eles ameaçam cortar — afirma a diretora do Instituto de Química da UFRJ, Cassia Turci. — Quando vejo o slogan “Pátria Educadora” do governo, me sinto constrangida. Sinto-me desrespeitada pela forma como eles estão tratando os coordenadores brasileiros.

Sobre o atraso no edital e a ameaça de extinção do programa, a Capes, em nota, afirma que “que o programa está mantido e a Capes e as agências parceiras nos respectivos países estão trabalhando no novo cronograma que será divulgado em breve”.




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