Base aprova LDO 2016

Base aprova LDO 2016

Mesmo sob pressão, base aprova LDO 2016

Lei de Diretrizes Orçamentárias prevê contingenciamento de gastos e salários congelados para o próximo ano

Fernanda Nascimento

ANTONIO PAZ/JC

Categorias do funcionalismo ocuparam as galerias do plenário do Parlamento para acompanhar a votação
Categorias do funcionalismo ocuparam as galerias do plenário do Parlamento para acompanhar a votação

O debate sobre o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2016, enviado pelo Executivo estadual, foi marcado pelo silêncio da base aliada e pelo ataque da oposição respaldada por um significativo número de sindicalistas, estudantes e integrantes dos movimentos sociais, que lotaram a Assembleia Legislativa. Ao final, o texto defendido pelo Executivo foi aprovado com 31 votos favoráveis e 19 contrários. Essse foi o primeiro grande teste do governador José Ivo Sartori (PMDB) no Parlamento.

A matéria foi discutida por quase sete horas, mas somente na última parte, após a dispersão do público, parlamentares da base do governo subiram à tribuna para defender o projeto. Acusados de "covardes" pelos manifestantes, os deputados da base Sartori preferiram se utilizar do poder de voto para barrar as propostas que reivindicavam reajuste salarial e aumento de recursos para áreas como segurança pública. "Cada um escolhe suas estratégias", resumiu o líder do governo, deputado Alexandre Postal (PMDB).

A estratégia de estender a votação parecia servir tanto à situação quanto à oposição. Na reunião de líderes, que define as matérias que serão apreciadas no dia, acordou-se que, além da LDO, a pauta seria composta por outras oito matérias, como a instituição da Abertura Oficial da Colheita de Oliva no Estado, postergando a votação do tema.

Nos acessos ao Parlamento, manifestantes reivindicavam o ingresso no plenário, que, em poucos minutos, teve a capacidade de lotação esgotada. Nos corredores da Assembleia, em todos os locais onde havia um aparelho televisivo ligado, pessoas se aglomeraram. O volume de manifestantes era tamanho que o plenarinho também foi utilizado para abrigar o público.

A reivindicação dos manifestantes era para que a LDO incluísse, pelo menos, uma reposição inflacionária no reajuste salarial para o funcionalismo para o próximo ano e não apenas o crescimento vegetativo. Nas galerias, palavras de ordem como "mais essa crise, não vou pagar, o servidor tem que valorizar" e "ô deputado, que papelão, esse arrocho não é a solução".

Adão Villaverde (PT) afirmou que o governo "não pode se apequenar e dizer que a crise é dos servidores". "Quando foi eleito, o governador Sartori não apresentou esta proposta. Existe outro caminho que não será o do arrocho", cobrou. Tarcísio Zimmermann (PT) destacou a necessidade de "não condenar a máquina pública a inoperância". Pedro Ruas (P-Sol) subiu à tribuna com uma corda e acusou o governo de "enforcar o Rio Grande do Sul". "Enforca não só o funcionalismo, mas todo o Estado", disse. Com o silêncio da base aliada, Jeferson Fernandes (PT) provocou: "eu quero ouvir a situação, quero ouvir quais são as justificativas para condenar os servidores a não ter reajuste", alfinetou.

A pressão dos deputados e das galerias não surtiu efeito. Durante a absoluta maioria do tempo de discussão, deputados do PMDB, PDT, PSDB, PP, PSB, PPS, PSD, PRB, PR e PV transitavam pela antessala do Parlamento, precisando ser convocados às pressas para a votação.

Apesar da atitude conjunta de não responder às críticas ou defender as medidas ao longo da tarde, Postal afirmou que "cada um pode se manifestar, se achar oportuno". Mas reconheceu que, com a grande pressão, a estratégia era de apostar na coalizão da base para derrubar as emendas da oposição e garantir o texto do governo na íntegra. "Dá para ver claramente que, se você for se manifestar, a plateia não vai deixar discursar, então é melhor construir um acordo, como estamos fazendo", explicou.

 

 

http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=202366




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